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PACAP

Forum Dança - Meg Stuart | PACAP 8

PACAP 8
2025

Programa Avançado de Criação em Artes Performativas

Meg Stuart

De 10 de fevereiro a 26 de julho de 2025

Candidaturas abertas

Até 31 de maio de 2024
“Cada novo começo
leva-nos a um mistério.

Cada começo transporta
esse potencial do desconhecido.
Está relacionado com a forma
como nos movemos,
como ouvimos,
como escutamos,
como passamos tempo com algo,

como vemos o que nos rodeia.”
Meg Stuart

Apresentação

PACAP 8 / Mystery School of Choreography
Conceito e Direção Artística: Meg Stuart
Colaboração Artística: Ana Rocha

Proposta

O Forum Dança convida a coreógrafa Meg Stuart como curadora para a 8.ª edição do PACAP a ter lugar em Lisboa, 2025, que propõe o seu conceito e projeto Mystery School of Choreography. Para esta edição, Meg Stuart convida Ana Rocha como colaboradora artística.

 

Mystery School of Choreography (MyS) é um programa de estudos experimentais não convencionais para artistas performativos. É um lugar onde o fascínio pelo metafísico se entrelaça com a composição, a coreografia e a criação artística.

 

Durante estes seis meses, de fevereiro a julho de 2025, trabalharemos no estúdio do Forum Dança, no espaço teatral do Teatro do Bairro Alto, nas galerias da Culturgest, rodeados pela natureza e longe da capital portuguesa n’O Espaço do Tempo, Montemor-o-Novo, e na Ilha de São Miguel, Açores, na Bienal Walk&Talk. Do espaço interior à rua, vamos passar por estas residências em conjunto para refletir e praticar.

 

MyS consistirá em encontros com artistas que partilharão a sua cosmologia pessoal, a sua experiência e o seu processo. Os participantes abordarão os temas da MyS através de momentos de reflexão e, acima de tudo, através de momentos coletivos de performance e de diálogo. A MyS propõe criar um espaço que não se destina a converter ou doutrinar, mas a revelar e criar estruturas para o processo de partilha.

 

Como podemos ligar-nos a esse conhecimento de forma mais precisa? Partindo de uma posição de não-saber. A MyS procura cultivar a atitude do principiante, soltando-se libertando-se de expetativas. Partindo do que nos fascina, estamos também a praticar um sentido de encantamento, como se vivêssemos um sonho lúcido em conjunto. Seremos guiados pela natureza, causa e efeito, transformação energética, desorientação e adivinhação, geometria sagrada, visões rítmicas e voz, alquimia, amor e política, não-localidade e física quântica, contemplação profunda e interior.

 

MyS considera a transmissão de conhecimentos e as perceções ocultas, que não são acessíveis através de meios convencionais, enquanto base para a aprendizagem e para a criação artística através de uma exploração partilhada.

 

MyS centrar-se-á em questões que vão para além das práticas puramente físicas e que podem ser exploradas numa dimensão coletiva, tais como:

 

Como podemos fomentar a imaginação em nós próprios em correlação com o que nos rodeia?
Como podemos (re)alinhar os nossos processos de investigação num encantamento interdimensional?
Como podemos negociar e aprender com a indeterminação, os espaços corpóreos não definidos e os reinos invisíveis, tanto quanto os futuros fictícios?
Como podemos criar uma compreensão mais holística e compassiva do mesmo?
Como partilhamos o fascínio?
Como valorizamos diferentes funções e formas, diferentes tipos de material e de investigação?
Como desenvolvemos e cultivamos uma fonte de colaboração criativa com energias, forças visíveis e invisíveis?

 

MyS é um passo em direção a uma compreensão mais profunda da aprendizagem, da prática e da ativação do conhecimento que está muitas vezes presente nas artes performativas, mas que não é abordado diretamente. Na MyS esboçaremos possibilidades para o futuro da dança e da comunidade.

Participantes

O programa PACAP 8 / MyS é concebido como uma viagem transformadora. Na MyS, trabalharemos juntos: ambientalmente conscientes, socialmente empenhados, passando pelo acesso metafísico para transformar a aprendizagem profunda num ato político. Trabalharemos em conjunto com o corpo e a voz, com o pensamento percetivo crítico.

 

Procuramos artistas profissionais experientes e disponíveis para trabalhar num programa de arte coletiva. Criadores e sonhadores que tenham um forte interesse no entrelaçamento da metafísica e da arte, com generosidade de espírito, pensadores livres, abertos à exploração partilhada, rigorosa e lúdica do desconhecido. O programa MyS procura participantes que já tenham feito trabalho emocional interior, com os pés na terra, não conformistas, sensíveis aos processos dos outros e altamente motivados. Os participantes devem ser flexíveis, apaixonados pela improvisação, abertos a procedimentos aleatórios e a estruturas experimentais.

 

Durante o programa MyS, devem estar dispostos a abandonar noções preconcebidas, a confiar num processo coletivo e a desenhar outros futuros possíveis através de um processo experimental, intensivo e rigoroso. Os participantes terão a oportunidade de pesquisar e compor em vários formatos e ambientes. MyS é um programa colaborativo de seis meses, onde os participantes serão cocriadores e colaboradores com a natureza, com forças desconhecidas e com artistas convidados.

Informações

Pessoas convidadas

  • Benoît Lachambre
  • CAConrad
  • Doug Weiss
  • Gaya de Medeiros
  • Isabela Santana
  • Justin F. Kennnedy
  • Keith Hennessy
  • Márcio Kerber Canabarro
  • Maria F. Scaroni
  • Mariana Tengner Barros
  • Mayfield Brooks
  • Mieko Suzuki
  • Odete
  • Renan Martins
  • Sigal Zouk
  • Xullaji

 

… entre outros a confirmar.

Língua

O inglês será a língua oficial do programa.

 

Importante!
As candidaturas têm de ser enviadas em inglês.

Datas

  • Fecho de candidaturas 31.05.2024
  • Resultados da pré-seleção 17.06.2024
  • Workshop Audição 29.07.2024 – 03.08.2024
  • Resultados finais 30.09.2024
  • Datas do programa 10.02.2025 – 26.07.2025

Horários

Os horários serão intensos e flexíveis. Antes do início do programa será enviado um esboço do horário de trabalho.

Candidaturas

Elementos a enviar:

 

  • CV + 1 foto
  • 3 vídeos curtos do seu trabalho artístico, incluindo registos como criador e enquanto participante em projetos colaborativos (enviar link Vimeo/ YouTube)
  • 1 vídeo acerca de algo que nunca tenha feito antes
  • 1 carta de motivação + 1 partitura MyS sob a forma de, por exemplo, textos ou imagens (2 págs. máx.), inspirados nas perguntas abaixo:

 

    • O que sonha aprender na MyS?
    • Quem são os seus heróis, antepassados e influências artísticas?
    • O que significam para si o mistério e a magia? Defina.
    • Que experiências espirituais influenciam o seu trabalho artístico?
    • Será um espaço coletivo. Que competências pode oferecer ao grupo? Quais são os seus poderes especiais? Que tipo de prática diária tem, e como se organiza?
    • O que o mantém acordado à noite? Que temas o têm obcecado? O que precisa de largar?
    • Sente-se confortável com o silêncio?
    • What’s love got to do with it? (O que o amor tem a ver com isso?)

! NOTA IMPORTANTE !

Não aceitamos links para download de vídeos.

Os links enviados devem dar acesso direto à visualização online dos ficheiros (Youtube, Vimeo, etc.).

Apenas aceitamos como ficheiros para download o Curriculum vitæ, a fotografia e a carta de motivação.

Propinas

  • Inscrição: 200€;
  • Pagamento integral do curso: 2000€;
  • Pagamento em duas prestações: 1100€ x 2.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.

Se as propinas forem um motivo de preocupação para si, inclua uma carta na sua candidatura explicando a sua situação financeira.

Bolsas

Existem algumas bolas de estudo disponíveis:

 

  • 2 Bolsas de estudo que oferecem uma redução de 50% do valor das propinas;
  • 1 Bolsa com redução de 100% do valor das propinas, destinada a artistas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ou a artistas negros radicados em Portugal.

 

Outras sugestões para apoios:

 

  • Artistas residentes em Portugal podem beneficiar de uma redução até 50% do valor das propinas através de bolsas de estudo atribuídas pela Fundação GDA (no caso de cooperantes da GDA a redução pode ser até 75%);
  • Artistas residentes em países que fazem parte da Europa Criativa podem candidatar-se ao programa Culture Moves Europe.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.
Se as propinas forem um motivo de preocupação para si, inclua uma carta na sua candidatura explicando a sua situação financeira.

Candidatura

Até 31 de maio de 2024

Formulário

Importante!
 As candidaturas e toda a documentação têm de ser enviadas em inglês.

 

Candidaturas encerradas

Biografias

Meg Stuart

Forum Dança | PACAP 8 - Meg Stuart
Meg Stuart © Camille Blake

Coreógrafa, realizadora e bailarina, vive e trabalha em Berlim e Bruxelas. Com a sua companhia, Damaged Goods, fundada em 1994, criou mais de trinta produções, que vão desde solos e duetos a peças de grupo, trabalhos de vídeo, criações site-specific e projetos de improvisação.

 

O seu trabalho move-se livremente entre os géneros da dança, do teatro e das artes visuais, impulsionado por um diálogo contínuo com artistas de diferentes disciplinas.

 

Através de ficções e camadas narrativas em constante mudança, Meg Stuart explora a dança como uma fonte de cura e uma forma de transformar o tecido social.

 

A improvisação é uma parte importante da sua prática, como estratégia para se mover a partir de estados físicos e emocionais ou da memória dos mesmos.

 

Tem recebido diversos prémios pelo seu trabalho, nomeadamente o Leão de Ouro de Carreira na Biennale di Venezia em 2018 e foi agraciada com a Guggenheim Fellowship em 2023.

 

Mais informação: www.damagedgoods.be

Ana Rocha

Forum Dança | PACAP 8 - Ana Rocha
Ana Rocha © Vitorino Coragem

Curadora, coreógrafa, performer, dramaturga e professora. Tem sido produtora de artes visuais, música e artes performativas (teatro/dança contemporânea), colabora como gestora de produção de projetos culturais.

 

Faz mediação na área da Cultura e das Artes, criando uma linguagem de pesquisa de ação artística e sociopolítica engajada no desenvolvimento potencial do processo de criação e seu contexto.

 

Ana Rocha opera em campos de multiplicidade e diversidade cultural, corelacionando pontos de reflexão e transição, através do acompanhamento e consultoria de instituições, organizações sem fins lucrativos, coletivos artísticos e criadores nacionais e internacionais.

Participantes

Beatriz Baião (PT), Carlota Mantecón (ES), Damien Najean (FR), Giulia Romitelli (IT), Guillermina Gancio (UY), Hernie Harmon (DE), Jakob von Kietzell (DE), Joana Duvet (PT), Katerina Giannouli (GR), Luna Anais (CH), Marina de Moraes (BR), Marusya Byzova (RU), Maud Buckenmeyer (FR), Minjin Lee (KR), Renan Capivara (BR) and Sérgio Diogo Matias (PT).

Actividades PACAP 7

Apoios e Parcerias

Coprodução PACAP 8: Teatro do Bairro Alto, Culturgest, Anda & Fala | Walk e Talk

Coprodução em Residência PACAP 8: O Espaço do Tempo

Apoios PACAP 8: Alkantara, Casa da Dança – Almada, Fundação GDA, Kees Eijrond Foundation, OPART, E.P.E/Estúdios Victor Córdon, O Rumo do Fumo, Piscina

Forum Dança | Parcerias e Apoios PACAP 8

Créditos da imagem de topo © João Tabarra (2024)

Forum Dança - Miguel Pereira & Nuno Lucas | PACAP 7

PACAP 7
2024

Programa Avançado de Criação em Artes Performativas

Curadoria de Miguel Pereira e Nuno Lucas

De 7 fevereiro 2024 a 23 julho 2024

CANDIDATURAS ENCERRADAS

Até 31 julho 2023 | Prolongamento de candidaturas até 10 de setembro

Apresentação

Consideramos o tempo de formação como um momento privilegiado para experimentar e refletir sobre práticas artísticas. A nossa proposta é que esta experiência seja um espaço de partilha, aprendizagem, encontro e pesquisa, promovendo a criação de afinidades e novas cumplicidades.

 

Aproveitamos a oportunidade de fazer a programação deste curso para investir em alguns dos princípios e eixos que norteiam a nossa inscrição no campo artístico: a interpretação e o trabalho da presença em palco, o rigor e a urgência na criação artística, a relação entre entretenimento e pensamento, a composição e dramaturgia como eixos centrais na construção de uma obra e o cruzamento entre diferentes disciplinas artísticas. Iremos fazer um acompanhamento contínuo ao longo da duração do curso, ao mesmo tempo que contamos com a cumplicidade de um leque variado de artistas, que marcaram o nosso percurso, e contribuirão com novas perspectivas para o enriquecimento desta experiência.

 

O foco do programa estará no processo e nos encontros que ele possa promover, com vista a criar um espaço onde as relações artísticas se expandem e contaminam o nosso lugar identitário. Promover a experiência criativa num tempo mais dilatado que permita aprofundar as diferentes necessidades e encontrar novos impulsos que alimentarão cada projeto artístico futuro. Sem menosprezar a importância dos momentos de apresentação pública e de partilha, como gesto inerente à prática artística, queremos sobretudo privilegiar o espaço de reflexão e de experimentação, re-pensar a forma como vemos o que fazemos (what) e como (how) fazemos.

 

Sendo a colaboração uma das bases dos nossos trabalhos, queremos também propor diferentes formas de colaboração artística, contrariar a necessidade de uma assinatura individual a favor do lugar do outro, aquele que nos desafia, confronta e impele a ver de um outro modo, e promover a circularidade dentro de um processo ao poder representar diferentes papéis no seu interior (dramaturgia, assistência, interpretação, produção, etc.).

 

Uma formação com a duração de 6 meses é necessariamente um formato compacto, porém acreditamos que esta funcionará como um contentor de possibilidades que se poderão exprimir e fazer sentido no momento em que se realiza, mas sobretudo de criar ressonância para além desse tempo. Por vezes a digestão de experiências não é imediata e por isso a nossa prioridade é a de criar uma comunidade de pensamento e de ação que resista à finitude do tempo que este curso permite.

Estrutura

  • Acolhimento: Forum Dança, em Lisboa – 3 dias
  • Residência: O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo – 1 semana
  • Bloco 1: Workshops e intervenções com artistas* – 4 semanas
  • Tempo de pesquisa I – 2 semanas
  • Bloco 2: Workshops e intervenções com artistas* – 4 semanas
  • Tempo de pesquisa II – 2 semanas
  • Descampado: Terreno sem planos definidos – 1 semana
  • Bloco 3: Workshops e intervenções com artistas* – 3 semanas
  • Tempo de pesquisa III – 4 semanas
  • Ocupação: Espaço de partilha e apresentação no TBA – Teatro do Bairro Alto e outros espaços a definir – 2 semanas

 

*Artistas: Eleonora Fabião, João Fiadeiro, Jonathan Burrows, Joris Lacoste, Leticia Skrycky & Santiago Rodriguez Tricot, Loïc Touzé, Luara Raio & Acauã Shereya El_Bandide, Marcelo Evelin, Mark Tompkins (a confirmar), Marlene Monteiro Freitas (a confirmar), Pedro Paiva e Vera Mantero.

 

O programa começa com o acolhimento no Forum Dança para apresentação de estruturas e espaços culturais em Lisboa.

 

De seguida faremos uma semana de residência n’O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, para aprofundar o encontro entre os diferentes participantes e sedimentar o grupo. Abriremos aqui um espaço para apresentação de trabalhos e exercícios conjuntos, compartilhando experiências e motivações.

 

No regresso a Lisboa, entraremos numa estrutura de programa que alterna entre aproximadamente 4 semanas de workshops/intervenções, seguidas de 2 semanas dedicadas à pesquisa. Este tempo de pesquisa, no nosso entender, promove não só a assimilação das experiências tidas durante os workshops/intervenções precedentes, assim como um espaço de exploração e criação a partir de questões que surjam durante o programa ou que existam previamente.

 

A meio do curso decidimos abrir um espaço a que chamamos DESCAMPADO, um período de tempo onde nada está previamente definido. Um desvio para criar espaço a formatos mais espontâneos de trabalho e de encontro. Daí simbolicamente identificarmos como um DESCAMPADO, ou seja, um terreno extenso propício às nossas necessidades.

 

Antes do momento que celebra o final desta experiência, e a que chamamos de OCUPAÇÃO, teremos ainda 4 semanas de tempo de pesquisa. Durante essas 4 semanas contaremos, não só com algumas das pessoas convidadas que fizeram parte da formação, assim como com novas cúmplices e a possibilidade de o próprio grupo de participantes poder convidar pessoas exteriores à formação.

 

O momento da OCUPAÇÃO, que terá lugar no Teatro do Bairro Alto, é para nós um tempo de partilha, mais do que uma apresentação final de trabalhos. É um espaço livre, aberto a todo o tipo de formatos possíveis, desde aulas dadas por participantes, conferências-demonstrações, excertos de ideias, trabalhos acabados e/ou inacabados, experiências propostas ao público, etc.

 

Numa parceria com o Centre National de la Danse em Pantin (Paris, França), há a possibilidade de criar uma extensão do PACAP 7 em Outubro de 2024 durante o contexto do CAMPING. Esta experiência de uma semana, para além de ser um encontro de formações de diferentes campos artísticos (cenografia, artes visuais, dança, teatro, etc.) e de diferentes partes do mundo, permite também, por um lado, ter contacto não só com diferentes tipos de abordagens, a participação em workshops, conferências, visionamento de espetáculos, assim como uma plataforma de apresentação de trabalhos e de encontros que gere novos cúmplices e colaboradores futuros.

 

NOTA: As despesas de deslocação, estadia e alimentação associadas ao CAMPING estarão a cargo das pessoas participantes.

Informações

Público-alvo

Pessoas de idade superior a 23 anos (sem limite superior de idade) com interesse em:

 

  • Práticas artísticas onde o corpo está presente;
  • Aprofundar métodos de criação artística;
  • Integrar práticas físicas;
  • Processos colaborativos;
  • Desenvolver diferentes capacidades de performatividade cénica;
  • Espaço de pesquisa e criação coreográfica.

Nota

O PACAP terá como principal língua de trabalho o inglês.

Artistas

Processo de seleção

O processo de seleção será realizado pelos curadores do PACAP 7 e pela direção do Forum Dança.

Decorrerá em 2 Fases distintas:

 

  • Fase 1Candidaturas, abertas até 31 de julho de 2023 | Prolongamento de candidaturas até 10 de setembro;
  • Fase 2 – Audições, a decorrer em outubro de 2023.

1.ª Fase

Candidaturas

 

A submissão de candidaturas processa-se através de formulário online (mais abaixo, nesta página) até dia 31 de julho de 2023 | Prolongamento de candidaturas até 10 de setembro de 2023.

Serão aceites candidaturas em português e inglês.

 

Elementos a incluir na candidatura:

  • Curriculum vitæ com fotografia e breve nota biográfica (max. 2 pág. A4 .pdf – não exceder 1MB);
  • Link para portfólio de trabalhos, com textos, imagens e links para vídeos;
  • Carta de Motivação em que responde à questão: “O que espera de uma formação deste tipo?” (max. 1 pág. A4 em formato .pdf);
  • Um vídeo (max. 3 min.) que responda à questão: “O meu corpo e o meu trabalho” (podem ser excertos de trabalhos precedentes ou improvisações que ilustrem como usam o corpo em cena).

 

Resultados 1.ª Fase

Todas as pessoas serão contactadas por email até 11 de setembro de 2023 | 18 de setembro de 2023.

! NOTA IMPORTANTE !

Não aceitamos links para download de vídeos e fotografias.

Os links enviados devem dar acesso direto à visualização online dos ficheiros (Youtube, Vimeo, etc.).

Apenas aceitamos como ficheiros para download o Curriculum vitæ e a carta de motivação.

2.ª Fase

Audições

 

A decidir uma das duas opções:

 

  • Online: 7 e 8 de outubro de 2023;
  • Presencial no Forum Dança: 9 e 10 de outubro de 2023;

 

Entrevistas dias 11 e 12 de outubro de 2023 (online).

 

Comunicação dos resultados

Todas as pessoas serão contactadas por email até 18 de outubro de 2023.

Propinas

  • Inscrição: 150€;
  • Pagamento integral do curso: 1900€;
  • Pagamento em duas prestações: 975€ x 2.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.

Se o valor da propina for um impedimento, anexe à sua candidatura uma carta explicativa da sua condição financeira.

Bolsas

Serão atribuídas:

 

  • 2 Bolsas com redução de 50% do valor da propina;
  • 1 Bolsa com redução de 100% do valor da propina, dirigida a artistas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ou artistas negros ou negras.

 

Outras sugestões para apoios:

 

  • Artistas residentes em Portugal poderão beneficiar de uma redução de até 50% do valor da propina através de bolsas atribuídas pela Fundação GDA (até 75% em caso de cooperantes da GDA);
  • Artistas residentes em países que integram a Europa Criativa poderão candidatar-se ao programa Culture Moves Europe.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.
Se o valor da propina for um impedimento, anexe à sua candidatura uma carta explicativa da sua condição financeira.

Horários

De segunda a sexta-feira das 10h00 às 17h00.

Este horário é apenas indicativo e poderá sofrer alterações.

O calendário detalhado do programa será enviado ao grupo selecionado.

Candidatura – até 10 de setembro de 2023

Formulário

As candidaturas encontram-se encerradas.

Curadoria

Miguel Pereira

Forum Dança | PACAP 7 - Miguel Pereira
Miguel Pereira © Fernanda Ruiz

Miguel Pereira. Frequentou a Escola de Dança do Conservatório Nacional e a Escola Superior de Dança, em Lisboa.

Foi bolseiro em Paris (Théâtre Contemporain de la Danse) e em Nova Iorque com uma bolsa do Ministério da Cultura.

Como intérprete trabalhou, entre outros, com Filipa Francisco, Francisco Camacho e Vera Mantero. Participou na peça e no filme “António, Um Rapaz De Lisboa” de Jorge Silva Melo, trabalhou com Jérôme Bel em “Shirtologia (Miguel)” (1997) e foi intérprete em “Les Inconsolés” de Alain Buffard, na remontagem da peça em 2017.

Como criador destaca os trabalhos “Antonio Miguel”, peça com a qual recebeu o Prémio Revelação José Ribeiro da Fonte do Ministério da Cultura e uma menção honrosa do prémio Acarte/Maria Madalena Azeredo Perdigão (2000), “Notas Para Um Espectáculo Invisível” (2001), Data/Local (2002), “Corpo de Baile” (2005), “Karima meets Lisboa meets Miguel meets Cairo”, uma colaboração com a coreógrafa egípcia Karima Mansour (2006), “Doo” (2008), “Antonio e Miguel”, uma nova colaboração com Antonio Tagliarini (2010), “Op. 49” (2012), “WILDE” (2013) uma colaboração com a mala voadora, “Repertório para Cadeiras, Figurinos e Figurantes” (2015) para o Ballet Contemporâneo do Norte, “Peça para Negócio” e “Peça feliz” (2017), “Era um peito só cheio de promessas” (2019), “Falsos Amigos” (2021) em colaboração com Guillem Mont de Palol, e “Miquelina e Miguel” (2022) a partir da relação entre Miguel e a sua mãe, de 87 anos diagnosticada com demência.

Em 2003, 2007 e 2015 criou para o repertório da Transitions Dance Company/Laban Centre as peças “Transitions”, “Transitions II” e “Transitions III” que integraram a tournée nacional e internacional da companhia (2003/2004, 2007/2008 e 2014/2015).

No ano de 2003 foi alvo de uma mini-retrospetiva nas Caldas da Rainha, integrada no ciclo “Mapas” organizado pela Transforma-AC em colaboração com a ESTGAD.

O seu trabalho tem sido apresentado em toda a Europa, Brasil, Uruguai e Chile, e é professor convidado em diferentes estruturas nacionais e internacionais.

Desde 2000, convidado por Vera Mantero, é artista associado da estrutura O Rumo do Fumo.

Nuno Lucas

Forum Dança | PACAP 7 - Nuno Lucas
Nuno Lucas © Rita França

Nuno Lucas. Nasceu em Portugal. Atualmente vive entre Paris, Lisboa e Seoul.

Trabalha como coreógrafo, ator, autor, bailarino e pedagogo. Desde cedo que integra grupos de teatro amador e revela um interesse particular pela comédia. Inicia os seus estudos musicais na Ilha da Madeira aos oito anos e mais tarde entra no conservatório de música das Caldas da Rainha onde estuda guitarra clássica e canto. Vai viver para Lisboa em 1998 onde se licencia em Economia pela Universidade Nova de Lisboa. Durante os seus estudos estreia-se como intérprete com o coreógrafo Miguel Pereira no Teatro Nacional D. Maria II (2001). Posteriormente é convidado por João Fiadeiro para conceber os seus primeiros esboços coreográficos no LAB10 (2003).

Na sua formação coreográfica foram determinantes os cursos de Pesquisa e Criação Coreográfica no Forum Dança (2003) e EXERCE no Centre Chorégraphique National de Montpellier (2007), sob a direção de Mathilde Monnier e Xavier le Roy, onde foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian.

Como ator e bailarino destaca as suas colaborações com: Joris Lacoste, Philippe Quesne, Miguel Pereira, Rita Nunes, Leonardo Mouramateus, Ivana Müller, Jorge Andrade (Mala Voadora), João Fiadeiro.

Criou os solos: “Self-portrait as a dancer” e “What can be shown cannot be said” (2007 – Festival Ùzes, França); “I Could Write a Song” (2015 – Théâtre de Vanves, França).

Criou com: Hermann Heisig “Pongo Land” (2008 – Théâtre L’usine, Suíça); “What comes up, Must go up” (2009 – Festival Tanz im August, Alemanha) e “Schwerkraft leicht gemacht” (2019 – Schillertheater, Alemanha); com Márcia Lança “Trompe le Monde” (2010 – Culturgest) e “Por esse Mundo Fora” (2016 – Teatro Maria Matos); com Pieter Ampe, Gui Garrido & Hermann Heisig “A coming community” (2012 – Kunstenfestivaldesarts, Bélgica); com Frédéric Danos & Geoffrey Carey “Ma vie va changer” (2019 – Festival Circular); com Joana Brandão, Paulo Quedas, Aurélien Vieira Lino e Hugo Coelho “Eu cá, Tu lá” (2022 – LU.CA Teatro Luís de Camões).

Apresentou o seu trabalho em Portugal, França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos, Suíça, Suécia, Noruega, Finlândia, Estónia, Roménia, Espanha, República Checa, Croácia, Argentina e Coreia do Sul.

Leciona regularmente composição/performance em vários países, para adultos assim como para crianças.

Participantes

Beatriz Baião (PT), Carlota Mantecón (ES), Damien Najean (FR), Giulia Romitelli (IT), Guillermina Gancio (UY), Hernie Harmon (DE), Jakob von Kietzell (DE), Joana Duvet (PT), Katerina Giannouli (GR), Luna Anaïs (CH), Marina de Moraes (BR), Marusya Byzova (RU), Maud Buckenmeyer (FR), Minjin Lee (KR), Renan Capivara (BR) and Sérgio Diogo Matias (PT).

Actividades PACAP 7

Créditos da imagem de topo: Miguel Pereira © Fernanda Ruiz | Nuno Lucas © Rita França.

Apoios e Parcerias

Coprodução PACAP 7: Teatro do Bairro Alto.

Coprodução em Residência PACAP 7: O Espaço do Tempo

Apoios PACAP 7: Alkantara, Casa da Dança – Almada, Fundação GDA, OPART, E.P.E./Estúdios Victor Córdon, O Rumo do Fumo e Piscina.

Forum Dança | Parcerias e Apoios PACAP 7
Forum Dança - Sofia Dias & Vítor Roriz | PACAP 6 | © Joana Linda

PACAP 6
2023

Programa Avançado de Criação em Artes Performativas

Curadoria de Sofia Dias e Vítor Roriz

De 16 de fevereiro a 30 de julho de 2023

CANDIDATURAS ENCERRADAS

Abertas até 20 junho de 2022

Apresentação

Em cada época há vozes que chegam do futuro e impelem a mudanças urgentes e necessárias no presente. As vozes que nos chegam hoje do futuro parecem sofrer daquela rouquidão quase muda de quem durante anos repete até à exaustão a mesma coisa. Apesar das inúmeras declinações e formulações, mais ou menos prosaicas, mais ou menos poéticas, essa mensagem do futuro surge numa questão tão simples quanto esta: “se já sabes o que é preciso fazer, porque é que não o fazes?” E não é a aparente afonia que torna estas vozes inaudíveis, mas o esforço voluntário de as minimizar, ignorar ou adiar. Camus, em O Mito de Sísifo, chega a uma síntese que nos parece ligada à raiz dessa surdez “…o consentimento prático e a ignorância simulada, (…) faz com que vivamos com ideias que, se na verdade as sentíssemos, deveriam transformar toda a nossa vida.” Esta contradição entre as ideias e a prática são um lugar fértil de questionamento artístico pelo que nos revela da futilidade das barreiras entre o desejo de transformação e a ação ou da dificuldade de algumas comunidades em largar o “osso” do privilégio, não só sobre outras comunidades, como sobre a própria natureza.

 

A par da imprevisibilidade do que aí vem, da obsolescência de algumas ferramentas de pensamento e ação que caracterizam a nossa sociedade, das vozes que a anunciam, das resistências à sua escuta, há um futuro a ser imaginado e para o qual estamos desde já a contribuir ativa ou passivamente. O PACAP é um desses lugares de imaginação e de experimentação onde as circunstâncias do mundo estão em diálogo com as especificidades e subjetividades de cada artista e, por isso, um lugar especial para o debate das nossas contradições. O trabalho de cada artista comunica de forma mais ou menos direta com as múltiplas temporalidades que constituem a realidade, influenciando-a e absorvendo-a, fazendo parte dela e, por vezes, distanciando-se para criar mundos paralelos que nos garantem uma perspetiva crítica sobre o que se passa à nossa volta. No curioso equilíbrio entre o particular e o universal, vemos como a aproximação ao que há de mais singular e específico em cada artista tem a capacidade de, não raras as vezes, afetar mais pessoas do que aquelas que fazem parte do seu círculo habitual. E nestas afetações sucessivas vamos contribuindo para a diversidade de imaginários sobre o corpo, a identidade, as relações.

 

O PACAP, enquanto comunidade provisória, é também um lugar de composição das relações entre cada participante, de articulação entre o individual e o coletivo, de experimentação de outras dinâmicas de interação que se sobreponham às de privilégio e poder, tais como o cuidado, a generosidade, a atenção, a colaboração.

 

O PACAP convoca uma intensidade pelo simples facto de ser uma comunidade a prazo. Esta consciência do fim dá o acréscimo de energia e a urgência necessárias para espoletar relações inusitadas e excessos que escapam ao controlo, mas que são indispensáveis à imaginação. Podemos usar esta energia do estar juntos para provocar tanto um re-centramento, como um ligeiro desvio ou deslocação nos nossos modos de pensar/fazer.

 

Por tudo isto, sabemos que para além do incrível grupo de artistas que convidamos para estarem connosco, o que torna a experiência do PACAP realmente única é a constelação de participantes que irá integrar este Programa. Gostaríamos, por isso, de convidar 16 pessoas com o desejo e o prazer da experimentação, para connosco imaginarem múltiplos futuros através de projetos cujos pontos de partida tanto podem ser uma simples qualidade de movimento, um conceito urgente e atual, uma ideia banal, uma intuição por nomear, um objeto fora do lugar, ou qualquer outra coisa que provoque a inquietação necessária para criar.

Estrutura

O PACAP 6 está estruturado em cinco momentos:

 

  • Momento 1 – Comunidade temporária, de 16 fevereiro a 10 de março 2023;
  • Momento 2 – Laboratórios, encontros e conversas, de 13 de março a 19 de maio de 2023;
  • Momento 3 – Pesquisa e Criação, de 22 de maio a 2 de julho;
  • Momento 4 – Apresentação Pública, de 3 a 23 de julho;
  • Momento 5 – Reflexão/feedback, produção e fim, de 24 a 29 de julho.

 

Aceda aos separadores para saber mais informação sobre cada um destes momentos que constituem a estrutura do programa.

MOMENTO 1

Comunidade Temporária

[de 16 fevereiro a 10 de março 2023]

O PACAP 6 é uma comunidade temporária com a duração de seis meses. E enquanto comunidade precisamos de encontrar modos de coexistência onde a combinação das heterogeneidades de cada artista se traduzam numa maior capacidade de ação. A forma como nos constituímos enquanto comunidade, embora tenha muito de aleatório e involuntário, depende de uma atenção particular à composição das relações para que nenhum modo de pensar/fazer se veja desqualificado e para que se preserve a diversidade de perspetivas e a liberdade de criação. É uma composição instável e em mutação contínua ao longo dos seis meses, mas à qual nos dedicamos conscientemente neste primeiro momento.

 

Residência
O PACAP 6 começa com uma residência de seis dias com a presença de Sofia e Vítor. Nesta residência, vamos começar por partilhar os projetos com que cada artista se candidatou a este programa, bem como algumas das suas referências e práticas pessoais. Simultaneamente, iremos explorar uma série de metodologias de colaboração e reflexão coletiva numa lógica de reciprocidade, cuidado e circulação de ideias.

 

Laboratório com Sofia & Vítor
Durante oito dias, Sofia e Vítor vão partilhar algumas das suas ferramentas de pesquisa, ao mesmo tempo que acompanham cada artista na preparação e apresentação de uma breve performance/ensaio a partir dos projetos individuais. Para assistir a estas performances/ensaios convidaremos o círculo de cúmplices do PACAP. Trata-se da primeira e ainda íntima abertura desta comunidade temporária ao exterior, num movimento de expansão e agregação.

 

Visitas às estruturas locais
Nestas primeiras semanas faremos visitas a vários espaços de apresentação, pesquisa e experimentação de artes performativas de Lisboa e teremos oportunidade de falar com as pessoas que os coordenam. Esta visitas são uma primeira contribuição para o mapeamento da cidade de Lisboa por cada artista e pretendem tornar mais fácil a sua comunicação com essas estruturas enquanto potenciais parceiros.

MOMENTO 2

Laboratórios, encontros e conversas

[de 13 de março a 19 de maio de 2023]

O segundo momento do PACAP corresponde a um período de incorporação crítica das práticas, influências, perspetivas e desejos de uma série de pessoas convidadas em diferentes formatos de encontro.

 

Laboratórios de pesquisa
Procurámos congregar um grupo eclético de 8 artistas, que ao longo de doze semanas vão partilhar os seus modos de pesquisa e criação em laboratórios com a duração de 5 a 10 dias.

Pessoas já confirmadas: Alex Cassal, Christine de Smedt, João FiadeiroLigia Lewis, Marcelo EvelinSheena McGrandles, Simone Aughterlony e Vera Mantero.

 

Resposta criativa
Os laboratórios de pesquisa serão pontuados por um momento de resposta criativa e crítica de cada participante. Esta resposta pretende devolver um olhar ou um feedback às pessoas convidadas de forma a sedimentar a experiência do laboratório e colocá-la em diálogo com os projetos individuais. A resposta criativa/crítica será uma oportunidade para a experimentação de diferentes formatos de apresentação.

 

Encontros pontuais / Crash Meetings
Entre os oito laboratórios de pesquisa estão previstos encontros pontuais com artistas a residir ou de passagem por Lisboa. A duração desses encontros varia entre apenas algumas horas a um dia e o seu formato é aberto e flexível. Os Crash Meetings são uma oportunidade para incluir artistas locais e expandir a comunidade temporária do PACAP 6.

Para além das escolhas da curadoria, há ainda espaço para sugestões do grupo de participantes do PACAP, indo ao encontro das necessidades e interesses coletivos.

 

Para o PACAP 6 convidámos também algumas pessoas para ampliar e adensar a reflexão e discussão sobre os temas/assuntos que gostaríamos de abordar neste programa, nomeadamente, a apropriação criativa, a tensão entre forma/conteúdo e a relação da criação artística com diversos temas prementes. Haverá um foco particular sobre o conceito de “bridging the divide” que a tradução livre poderia ser “aproximar os que estão divididos”. Neste âmbito, representantes de dois projetos que operam segundo este conceito vão partilhar a sua experiência, sobretudo na tentativa de aproximação de pessoas de espectros políticos radicalmente diferentes. O conceito “bridging the divide” a par da pesquisa de ferramentas para o diálogo com quem consideramos estar nos antípodas das nossas convicções (não só políticas como também artísticas) são um eixo fundamental na reflexão e ação do PACAP 6. Também para estas conversas/seminários haverá espaço para as sugestões de cada participante.

Pessoas já confirmadas: François Chaignaud, Rita NatálioPiny, Ana Correa e Hanna Israel (Europe Talks).

 

Programa Paralelo
Será proposto ao grupo de participantes do PACAP 6 um programa de espetáculos e performances em diferentes espaços culturais de Lisboa. A visualização coletiva permite criar um plano comum de reflexão não só sobre os espetáculos mas também, por efeito de espelho, sobre as práticas de cada participante do PACAP. É mais fácil discutir e aplicar alguns conceitos tendo um espetáculo como referência comum. Este programa paralelo, decorre fora do horário do PACAP e a sua participação é facultativa.

MOMENTO 3

Pesquisa e Criação

[de 22 de maio a 2 de julho]

Durante seis semanas, cada participante do PACAP trabalhará nos projetos individuais de criação. É um período acompanhado por Sofia e Vítor, e por instigadores locais escolhidos por cada participante. Será proposta uma metodologia de colaboração onde cada participante se coloca ao serviço de um ou mais projetos de modo a que este processo criativo seja o mais acompanhado possível e para que se tire partido do principal recurso deste programa: os pares.

 

No início deste processo, será realizado um plano de produção em colaboração com a equipa do Forum Dança de modo a adequar os recursos existentes ou a encontrar outros necessários à concretização dos projetos. Na quarta semana de criação haverá um momento de apresentação informal e sessão de feedback.

Durante a última fase do processo criativo o grupo participará num laboratório de acompanhamento técnico com Letícia Skrycky e Santiago Rodríguez Tricot, que depois farão a mediação técnica com os espaços de apresentação, para a implementação do projeto no Teatro do Bairro Alto e na Culturgest.

 

Documentação
Em colaboração com uma artista e designer gráfica será desenvolvido um projeto de documentação coletivo do processo criativo de cada participante. Numa primeira fase serão recolhidos materiais com vista à constituição de um arquivo pessoal. Esse arquivo servirá depois de campo de experimentação para a criação de um objeto documental coletivo que poderá dialogar diretamente com o trabalho em “estúdio” ou partir numa direção autónoma.

Este processo conta com a colaboração de Marta Ramos.

MOMENTO 4

Apresentação Pública

[de 3 a 23 de julho]

O processo criativo de seis semanas culmina com as apresentações públicas dos projetos individuais em duas instituições culturais de Lisboa: o Teatro do Bairro Alto (TBA) e a Culturgest. Um dos parceiros irá acolher sobretudo projetos que se enquadram no espaço teatral enquanto que o outro acolherá projetos para espaços não convencionais, nomeadamente o espaço exterior (jardins, rua, auditório ao ar livre, etc.). Esta diversidade de contextos de apresentação e respetivo apoio técnico e logístico das equipas destas instituições culturais procura ir ao encontro da diversidade e especificidade das propostas de cada participante. Assim, os formatos de apresentação dependem exclusivamente do processo de criação e das intenções artísticas de cada participante que tanto podem resultar num espetáculo ou performance como numa palestra, prática coletiva, instalação, experiência sonora, passeio guiado, entre múltiplas outras opções.

As apresentações públicas do PACAP são um momento de celebração, de ampliação das relações desta comunidade temporária e de reflexão coletiva.

 

Partilha de Documentação
O período da apresentação pública será também a oportunidade para partilhar, num dos espaços do Teatro do Bairro Alto, uma composição coletiva dos arquivos pessoais, dando a ver linhas de força, aproximações e afastamentos entre cada projeto. Esta composição temporária serve tanto de introdução aos projetos como de ponto de apoio para posteriores reflexões e discussões.

 

Registo
Será realizado um registo fotográfico e uma gravação vídeo integral de cada apresentação. Este registo será cedido aos participantes para a documentação e/ou difusão do projeto.

MOMENTO 5

Reflexão/feedback, produção e fim

[de 24 a 29 de julho]

Reflexão e feedback
De volta à intimidade dos estúdios do Forum Dança, este momento final do PACAP 6 é dedicado à reflexão e feedback sobre o percurso de cada participante nos seis meses do Programa, com especial incidência no processo de criação e a apresentação pública. Nesta reflexão/feedback contaremos com a presença das/os instigadores de cada projeto.

 

Apoio de produção
Paralelamente a este momento reflexão e feedback, cada participante terá um acompanhamento de produção e difusão. Dependendo da fase em que cada projeto se encontra, este acompanhamento poderá consistir: na elaboração de um dossier de produção e/ou difusão; na pesquisa e contato de parceiros institucionais que permitam o desenvolvimento e/ou apresentação do projeto; na preparação de candidaturas a residências, apoios e bolsas de criação e/ou circulação; em esclarecimentos sobre o contexto português de apoio às artes e estatuto do trabalhador das artes; entre outros. Este momento conta com a colaboração de Sofia Matos (Coordenação de Projetos Associados, na Materiais Diversos).

 

Finalização da Documentação
Neste derradeiro momento do Programa vamos criar um objeto documental coletivo que tenta integrar e colocar em diálogo os elementos das pesquisas individuais, com a experiência dos diferentes laboratórios, dos encontros pontuais, dos seminários e das performances apresentadas no Teatro do Bairro Alto e na Culturgest.

 

Comunidade temporária
Do mesmo modo que no início dos seis meses é dada especial atenção à formação desta comunidade temporária, neste momento do Programa é fundamental também cuidar do seu fim.

Informações

Público-alvo

Bailarinas/os, coreógrafas/os, performers e outras/os artistas com práticas ligadas à performance, ao corpo e ao movimento.

Idade superior a 23 anos (sem limite superior de idade).

O programa está aberto a candidaturas individuais e a duplas de artistas.

Nota

O PACAP terá como língua de trabalho o inglês e o português de acordo com as/os intervenientes do Programa.

É requerido um domínio mínimo destas línguas, embora esse não seja um critério determinante para a seleção das/os candidatas/os.

Pessoas Convidadas

Artistas e estruturas convidadas/es/os e já confirmadas/es/os:

 

Momento 2 | Laboratórios de Pesquisa

 

Momento 2 | Encontros Pontuais/Crash Meetings

 

Momento 3/4 

 

Momento 5

    • Sofia Matos

Processo de seleção

O processo de seleção será realizado pelos curadores do PACAP 6 e pela direção do Forum Dança.

Decorrerá em 2 Fases distintas:

 

  • Fase 1 – Candidaturas;
  • Fase 2 – Audições.

 

As pessoas que pretendam candidatar-se devem apresentar a sinopse de um projeto a desenvolver no âmbito do PACAP 6. Esta sinopse não é mais do que um ponto de partida, uma ideia inacabada, um problema por resolver.

1.ª Fase

Candidaturas

 

A submissão de candidaturas processa-se através de formulário online (mais abaixo, nesta página) até dia 20 junho de 2022.

Serão aceites candidaturas em português, inglês ou francês.

 

Elementos a incluir na candidatura:

 

  • Carta de motivação (max. 1 pág. A4 formato .pdf) ou vídeo (link max. 3 minutos);
  • CV com fotografia e breve nota biográfica (max. 2 pág. A4 .pdf – não exceder 1MB);
  • Link para portfólio das pessoas que se candidatam, com textos, imagens e links para vídeos (max. 10 pág. A4, em formato .pdf);
  • Sinopse de projeto a desenvolver no âmbito do PACAP 6 (max. 1 pág. A4, pdf).

 

As pessoas selecionadas para a audição serão contactadas até dia 30 junho 2022 por email.

! NOTA IMPORTANTE !

Pedimos que não enviem links para download de vídeos e fotografias.

Os links enviados devem dar acesso direto à visualização online dos ficheiros (Youtube, Vimeo, etc.).

Apenas aceitamos como ficheiros para download o CV, a carta de motivação e projeto/sinopse.

2.ª Fase

Audições

 

Esta segunda fase será apenas para as pessoas selecionadas na primeira fase.

 

  • Data: 5 a 10 de Setembro de 2022;
  • Local: Forum Dança, Lisboa, Portugal;

 

Comunicação dos resultados: todas as pessoas seleccionadas serão contactadas por email até 30 de setembro de 2022.

 

Nota

Para pessoas residentes no estrangeiro que não se possam deslocar até Lisboa, será realizada uma audição e entrevista online entre 5 e 10 de setembro 2022 em horário a combinar com cada pessoa candidata.

Propinas

  • Inscrição: 120€;
  • Pagamento integral do curso: 1800€;
  • Pagamento em duas prestações: 950€ x 2.

 

Atenção: As propinas são devidas por cada participante, mesmo que se candidatem enquanto dupla de artistas.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.

Se o valor da propina for um impedimento, anexe à sua candidatura uma carta explicativa da sua condição financeira.

Bolsas

Serão atribuídas quatro bolsas de estudo:

 

  • 1 Bolsa com redução de 100% do valor da propina total, dirigida exclusivamente a pessoas artistas oriundas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP);
  • 1 Bolsa com redução de 75% do valor da propina total, dirigida exclusivamente a pessoas artistas negras residentes em Portugal;
  • 2 Bolsas com redução de 50% do valor da propina total, dirigida a 2 artistas que possam assegurar a tradução simultânea das sessões do PACAP para pequenos grupos.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.

Se o valor da propina for um impedimento, anexe à sua candidatura uma carta explicativa da sua condição financeira.

Horários

De Segunda a Sexta-feira das 10h00 às 17h00.

Este horário é apenas indicativo e poderá sofrer alterações.

Será entregue um plano detalhado do programa a cada participante do PACAP 6.

Candidatura

Formulário

Candidaturas encerradas.

Curadoria

Sofia Dias e Vítor Roriz

"O que não acontece", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2018 © Filipe Ferreira.
"O que não acontece", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2018 © Filipe Ferreira.

Sofia Dias e Vítor Roriz são uma dupla de artistas a colaborar desde 2006. A natureza híbrida da sua pesquisa, associada a uma curiosidade e necessidade de experimentação levou-os à criação de vários espetáculos, performances, faixas sonoras, vídeos, podcasts e instalações, atravessando diferentes contextos e esbatendo limites entre áreas artísticas.

 

Os seus espetáculos para palco, predominantemente interpretados pelos dois, convocam uma linguagem coreográfica depurada em ligação com a palavra e a voz, como são exemplo “Um gesto que não passa de uma ameaça”, de 2011 (Prix Jardin d’Europe e Aerowaves Spring Forward) ou “O que não acontece”, de 2018, ambos em circulação nacional e internacional. Para além dos espetáculos em dupla, Sofia e Vítor têm vindo a criar com e para outros intérpretes, quer a convite de companhias, como a Companhia Instável em 2010 e a Companhia Maior em 2019, quer em produções próprias, tais como “Satélites” (2015), “Escala” (2021) ou o seu primeiro espetáculo para crianças – “Sons (Mentirosos) Misteriosos” (2020).

"Arremesso IX", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2021 © Musiberia.
"Arremesso IX", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2021 © Musiberia.

Dos cerca de 30 projetos de criação, realizados ao longos dos últimos 16 anos, Sofia e Vítor contam com várias experiências noutros contextos que não o palco, como por exemplo, a peça radiofónica “De olhos fechados” realizada para a OSSO (2021), o vídeo “Contorno” criado para a 3.ª edição da Traça (2020), a performance/instalação “Dispositivos da Infiltração” no Teatro do Bairro Alto (2020), a peça sonora “Cais do gás” em Lisbon by Sound (2014), ou a série de performances “Arremesso” para espaços não convencionais que a dupla tem vindo a apresentar desde 2011. Uma série que conta já com nove performances e que procura reativar e re-significar o arquivo de gestos, movimentos, textos, músicas, paisagens sonoras, vozes e “estados de presença” que se acumularam ao longo da colaboração.

Apesar da atividade de criação artística caracterizar o trabalho desta dupla, a sua primeira ação de colaboração, em 2006, é o Projecto MOLA – Movimento Latente – um projeto de educação artística não formal para crianças e adultos de diferentes proveniências sociais e económicas e que se manteve em movimento até 2010. A atividade pedagógica da dupla teve depois continuidade, num âmbito profissional, após um workshop a convite da Companhia Instável do Porto. Desde então, Sofia e Vítor lecionam regularmente aulas e workshops em Portugal e no estrangeiro, quer no contexto dos festivais e teatros onde apresentam os seus espetáculos, quer em instituições formais ou informais de pesquisa e ensino, como o C.e.m. – Centro em Movimento (Lisboa), La Place de la Danse CDCN (Toulouse) e a ESAD (Caldas da Rainha). Desde 2010 que mantêm uma relação de proximidade com o Fórum Dança (Lisboa), tendo sido convidados para a curadoria da 2.ª edição do Programa Avançado de Criação em Artes Performativas (PACAP 2 – 2018/19) e, entretanto, desafiados para a curadoria da 6.ª edição desse Programa em 2023.

 

O interesse crescente da dupla por formas de partilha e reflexão entre pares, levou-os à participação e organização, desde 2012, de várias residências e encontros entre artistas, dos quais destacam AWARE no contexto do Festival Alkantara. Sofia e Vítor são chamados regularmente para sessões de “feedback” e “olhar exterior” de vários projetos de artes performativas.

"António e Cleópatra", de Tiago Rodrigues com Sofia Dias e Vítor Roriz, 2014 © Magda Bizarro.
"António e Cleópatra", de Tiago Rodrigues com Sofia Dias e Vítor Roriz, 2014 © Magda Bizarro.

Enquanto dupla, foram convidados a colaborar com diversos artistas, entre os quais, Catarina Dias (Potlach), Lília Mestre (Beyond Mary and Joseph), Lara Torres (An impossible wardrobe for the invisible), Gonçalo Waddington e Carla Maciel (At most mere minimum), Marco Martins e Clara Andermatt (Durações de um Minuto), Marco Martins (Two maybe more), Mark Tompkins (improvisation based on In C), Tim Etchells (The exhibition of a film), Felipe Hirsch (Ópera Orphée). Têm vindo a colaborar mais regularmente com Tiago Rodrigues, enquanto intérpretes nas peças “António e Cleópatra” de 2014 (ainda em circulação nas versões portuguesa, inglesa e francesa) e “Sopro” de 2017. Em 2020, fizeram assistência ao movimento na peça “Catarina e a beleza de matar fascistas”, do mesmo autor.

Desde o início da sua colaboração que contam com o apoio de diversas estruturas culturais: O Espaço do Tempo, da qual foram artistas associados entre 2009 e 2016, a já extinta Bomba Suicida no período de 2006 a 2009 e Materiais Diversos que, entre 2012 e 2016, fez a produção, difusão e administração da toda a atividade artística da dupla. Também não podem deixar de destacar a relevância do Alkantara e da Devir/CAPA no apoio ao seu trabalho criativo. Colaboraram com as estruturas de produção e difusão cultural SUMO e Something Great e, atualmente, contam com a produção da Agência 25.

 

Ao longo destes anos têm usufruído do importante apoio das redes europeias Looping, TRANSFER, Aerowaves, Open Latitudes, Modul Dance, ONDA e Départs.

"Fora de qualquer presente", Sofia Dias e Vítor Roriz, 2012 © Paulo Pacheco.
"Fora de qualquer presente", Sofia Dias e Vítor Roriz, 2012 © Paulo Pacheco.

Em 2020, desenvolveram o projeto “Infiltração” no Teatro do Bairro Alto que culminou com a estreia da peça “Escala”.
Em 2022 foram os Artistas em Destaque no GUIDance.
Em 2022/2023 Sofia e Vítor serão os “Novos Inquilinos” no Teatro Viriato em Viseu. A sua próxima peça “Never Odd or Even”, em colaboração com Filiz Sizanli e Mustafa Kaplan, tem estreia marcada para Novembro de 2022 no Festival Alkantara e apresentações em Viseu, Paris e Porto.

 

Sofia Dias & Vítor Roriz são membros associados da REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea.

Mais informações em www.sofiadiasvitorroriz.com

Participantes

Bobby Brim (FR), Camilla Morello (IT), Connor Scott (UK), Estrellx Supernova (US), Lorea Burge (UK/ES), Lucas Damiani (UY), María Ibarretxe del Val (ES), Marcelo de Castro Pereira (BR), Mariana Catalina Iris (UY), Rafaela Santos (PT), Silvana Ivaldi (PT), Tarlie Lumby (UK), Vanessa Lonau (DE) e Victor Lattaque (FR).

Actividades PACAP 6

Créditos da imagem de topo © Joana Linda

Apoios e Parcerias

Coprodução PACAP 6: Teatro do Bairro Alto e Culturgest.

Apoios PACAP 6: Casa da Dança – Almada, Fundação GDA, O Rumo do Fumo, Alkantara, OPART | Estúdios Victor Córdon, O Espaço do Tempo, Piscina.

Forum Dança | Parcerias e Apoios PACAP 6
Forum Dança - João Fiadeiro | PACAP 5

PACAP 5
2021/2022

Programa Avançado de Criação em Artes Performativas

Curadoria de João Fiadeiro

em colaboração com Márcia Lança, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio.

De 13 de Setembro de 2021 a 30 de Julho de 2022

Introdução

A programação do PACAP 5 terá como ambição proporcionar diferentes tempos de relação com a investigação artística, tendo como referência o estudo e a experimentação da improvisação através da Composição em Tempo Real (bloco I); processos de colaboração a partir de uma pergunta partilhada (bloco II); e processos de investigação individual de cada participante (bloco III). Dependendo dos seus interesses e disponibilidades, os participantes poderão escolher fazer 3, 6 ou 9 meses de curso. Os blocos não podem ser feitos isoladamente (a não ser o primeiro), estando imaginados de forma cumulativa. O número de participantes decrescerá à medida que o curso avança: 24 no primeiro bloco, 16 no segundo e 8 no terceiro, produzindo assim diferentes intensidades e modos de envolvimento com a investigação da decisão, da colaboração e da criação que este curso propõe.

Alguns membros do Coletivo Atelier RE.AL (Márcia Lança, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio) irão estar presentes durante toda a duração do curso na qualidade de investigadores residentes, co-orientadores e facilitadores e com o intuito de replicar a prática laboratorial que sempre caracterizou a nossa actividade. O objectivo é produzir uma sensação de continuidade entre os blocos e criar as condições para se ir mais fundo na investigação, experiência difícil de implementar se o curso fosse estruturado à volta de uma participação mais fragmentada e pontual de convidados externos. De qualquer forma, paralelamente a essa relação mais constante com o Coletivo Atelier RE.AL, convidaremos artistas e investigadores para orientar workshops pontuais, directamente associados às questões a serem exploradas em cada bloco. Pretendemos com esses convites proporcionar uma distância crítica em relação à nossa prática, aceder a outros modos de fazer-pensar a investigação artística e, ao mesmo tempo, criar um tempo de respiração entre os ciclos de experimentação.

Proposta

Diante da crise global que estamos a viver, tanto pela rapidez estonteante com que o mundo hegemónico tenta voltar à “normalidade”, como pela monumental incerteza que continuamos a experimentar, é urgente termos mais cuidado com o entorno, estarmos mais atentos aos detalhes e sermos mais sensíveis às diferenças. Fica muito claro que nos tempos que correm, a sustentabilidade e a resiliência dos sistemas não vêm da nossa habilidade em responder, mas da nossa capacidade em perguntar. E mais: da nossa capacidade em formular a pergunta. Por isso uma pergunta “como não-saber juntos?” é tão importante. Ela reconhece que não é sobre saber ou consumir. É sobre saborear, questionar e imaginar mundos. Juntos.

Durante toda a extensão do curso queremos manter a pressão “na ferida” dessa pergunta, resistindo à tentação de respondê-la e repetindo-a a partir de diferentes ângulos, em diferentes escalas, com diferentes intensidades. Para que diferentes formulações emerjam, diferentes modos de estar se apresentem, diferentes posições se ofereçam. Será algures entre todas essas diferenças que o comum aparecerá. E quando isso acontecer temos que lá estar, disponíveis para o receber. Talvez seja essa a nossa única responsabilidade: comparecer quando o presente nos convocar.

Perceber os acontecimentos desta perspectiva (encarar o não-saber como a única coisa que temos) é aquilo que nos motiva ao desenhar esta formação como prática duracional de estar no presente. Estamos convictos que se situa aqui, nesta brecha que se abre no tempo ao nos depararmos com a impossibilidade de continuar, a real potência da acção. Porque se é verdade que essa interrupção nos pode imobilizar (por vermos as nossas expectativas suspensas), ela é também uma oportunidade única para desactivar o hábito que temos em nos deixar levar pela frenética economia da atenção a que os regimes de organização e controle do desejo nos submetem. A experiência pessoal e colectiva que resulta da suspensão do saber é, nesta perspectiva, um património absolutamente chave para nos posicionarmos política, ética e artisticamente.

É nesse intervalo – entre o momento em que colidimos com aquilo que nos afecta e o momento em que nos relacionamos com as suas possíveis manifestações – que o gesto de imaginar, desorganizar e reorganizar os nossos padrões de percepção pode ter lugar. Essa exploração não pretende cessar o movimento nem tão pouco focar a atenção a ponto de objectivá-la. Explorar o intervalo não significa propor uma experiência de contemplação ou de passividade, e muito menos do privilégio de habitar o tédio profundo como lugar de criação. O que esta abordagem propõe é exercitar a nossa capacidade em deslocar a percepção na direcção da periferia do acontecimento, na direcção das relações infinitesimais que nos atravessam e que podem, inclusive, se contradizer entre si. O que esta abordagem propõe é encontrar o movimento dentro da pausa. O tempo dentro do tempo. A experiência do reparar.

Reparar no triplo sentido da palavra: parar de novo, reparação e observação. Esse gesto (de pausa, de cuidado e de atenção) não é mais do que um exercício de implicação no presente que, por sua vez, cria as condições para desenvolver um sentido de responsabilidade perante o nosso entorno e perante o outro. / Equipa Curatorial 

Informações

Locais onde decorrerá o programa

Público-alvo

Curso aberto a bailarinos, coreógrafos, performers e outros artistas com práticas ligadas à performance, ao corpo e ao movimento. Os candidatos devem posicionar-se enquanto pares e não enquanto alunos e entender a criação artística como um espaço de investigação através da arte, ou seja, enquanto plataforma para explorar e experimentar processos de relação, de colaboração e de decisão num ambiente que não faz diferença entre teoria e prática, que promove a permeabilidade entre disciplinas e que olha para a obra de arte enquanto consequência de um processo e não como o seu fim.

Notas

  1. A língua do curso será inglesa e portuguesa, dependendo de quem está a orientar a sessão e das necessidades de cada momento.
  2. Serão atribuídas bolsas a 3 participantes, após a aceitação no programa, que possam assegurar a tradução simultânea para pequenos grupos. A bolsa consiste na redução de 50% da propina total.

Cronologia do programa

Bloco I

Estudo, experimentação e prática da Composição em Tempo Real
13 de Setembro a 11 de Dezembro 2021

Bloco II

Processos de colaboração a partir de uma pergunta partilhada
17 de Janeiro a 16 de Abril 2022

Bloco III

Processos de investigação individual de cada participante
26 de Abril a 30 de Julho 2022

Artistas e intervenientes convidados

Bloco I

Lisa Nelson (USA), Romain Emma-Rose Bigé (FR).

Bloco II

Coletivo Hormigonera (UY), David-Alexandre Guéniot / GHOST (PT), Orquestina de Pigmeos (ES), Projeto Companhia – João dos Santos Martins (PT).

Bloco III

Eleonora Fabião (BR), Gustavo Sumpta (PT), La Ribot (ES), Luara Learth/Acauã Elbandido (BR), Mette Edvardsen (NO).

Processo de candidaturas

A submissão de candidaturas processa-se única e exclusivamente através de formulário disponível mais abaixo. As candidaturas serão aceites em português ou inglês e deverão incluir:

 

  • Carta ou vídeo de motivação onde o/a candidato/a expressa as razões pelas quais se candidata (max. 1 pág. A4, em formato .pdf ou um vídeo com máx. de 3m – no caso de enviar vídeo, deve submeter link onde o mesmo possa ser visualizado)
  • CV com fotografia e nota biográfica incluída (max. 2 pág. A4, em formato .pdf – não exceder 1MB)
  • Link para Portfólio documentando trabalhos do/a candidato/a com textos, imagens e links para registos vídeo (max. 10 pág. A4, em formato .pdf)
  • Indicação do contacto de 2 figuras com quem o/a candidato/a se tenha relacionado (professor/a, colaborador/a, curador/a/programador/a, etc.) que poderão ser contactados para que possamos ter uma perspectiva externa do perfil do/a candidato/a.
  • Indicação expressa dos blocos que tenciona frequentar (I, I+II ou I+II+III). Só é possível frequentar o segundo e terceiro blocos tendo frequentado os blocos anteriores.

 

! NOTA IMPORTANTE !

Pedimos que não enviem, com as vossas candidaturas, links dos vossos trabalhos em forma de download de ficheiros. Os links devem estar apenas disponíveis para visualização dos ficheiros online. Apenas aceitamos como ficheiro para download o vosso CV e a vossa carta de apresentação, tudo o resto deve ser de acesso livre e on-line.

Processo de selecção

Bloco I+II+III (9 meses)

  • Duração: 13 Setembro 2021 a 30 Julho 2022
  • Data limite candidatura: 29.01.2021
  • Datas das fases de selecção:
    • 12.02.2021 ›› Comunicação aos candidatos pré-seleccionados
    • 15 a 19.02.2021 ›› Workshop on-line
    • 22 a 26.02.2021 ›› Entrevistas individuais com equipa curatorial
    • 01.03.2021 ›› Comunicação de resultados

Bloco I+II (6 meses)

  • Duração: 13 Setembro 2021 a 16 Abril 2022
  • Data limite candidatura: 12.03.2021
  • Datas das fases de selecção:
    • 19.03.2021 ›› Comunicação aos candidatos pré-seleccionados
    • 22 a 26.03.2021 ›› Workshop on-line
    • 29.03.2021 a 02.04.2021 ›› Entrevistas individuais
    • 05.04.2021 ›› Comunicação de resultados

Bloco I (3 meses)

  • Duração: 13 Setembro a 11 Dezembro 2021
  • Data limite candidatura: 16.04.2021
  • Datas das fases de selecção:
    • 26.04.2021 ›› Comunicação aos candidatos pré-seleccionados
    • 03 a 07.05.2021 ›› Workshop on-line
    • 10 a 14 ›› Entrevistas individuais
    • 17.05.2021 ›› Comunicação de resultados

Nota

  1. Serão agendadas entrevistas individuais on-line com a direcção do Forum Dança em data a definir.

Propinas

Bloco I (3 meses)

  • Taxa de Inscrição: 100 € até 1 semana após a admissão no curso.
  • Mensalidades: 300 € x 3 meses

Bloco I+II (6 meses)

  • Taxa de Inscrição: 100 € até 1 semana após a admissão no curso.
  • Mensalidades: 290 € x 6 meses

Bloco I+II+III (9 meses)

  • Taxa de Inscrição: 100 € até 1 semana após a admissão no curso.
  • Mensalidades: 270 € x 9 meses

Notas

  1. As mensalidades deverão ser pagas até dia 30 do mês anterior, sendo o primeiro pagamento feito até 30 de Agosto.
  2. Se o curso for pago na sua totalidade, até dia 30 de Agosto de 2021, terá um desconto de 10%.
  3. Serão atribuídas bolsas a 3 participantes, após a aceitação no programa, que possam assegurar a tradução simultânea para pequenos grupos. A bolsa consiste na redução de 50% da propina total.

Horários

De Segunda a Sexta-feira das 10h00 às 17h00.

Sinopses

Bloco I. Estudo, experimentação e prática da Composição em Tempo Real

A proposta neste bloco será mergulhar, de forma intensa (e extensa), na investigação, experimentação e aplicação da ferramenta Composição em Tempo Real (CTR), uma prática (teórica) e uma teoria (prática) que se oferece enquanto “campo” (lugar, território), que tem como única razão de existir, acolher e hospedar as forças que estão em jogo a cada instante, naquilo a que convencionamos chamar de “presente”. No interior desse presente e na perspectiva da Composição em Tempo Real, movimenta-se um tempo expandido, simultaneamente “não mais” e “ainda não”. Um tempo não-linear, vivido como uma fita de Möbius, onde o interior e o exterior, o antes e o depois, a forma e a força, se misturam e se confundem.

 

Antes de quaisquer apresentações ou introduções, a primeira semana do curso começará com uma performance colectiva com os 24 intervenientes inscritos no curso intitulada “O que fazer daqui para trás”_versão expandida. Esta será a forma de nos apresentarmos: via acção, através das marcas que deixamos com as nossas posições. Só na segunda semana, o grupo terá tempo para se conhecer melhor e partilhar com os outros os seus percursos individuais.

 

Durante toda a duração do bloco João Fiadeiro será acompanhado por Márcia Lança e Daniel Pizamiglio, respectivamente com 15 e 10 anos de prática intensiva de Composição em Tempo Real. Iremos ainda contar com a presença continuada da “trabalhadora-do-texto” Romain / Emma Bigé, filósofa e dançarina trans*feminista francesa, com quem João Fiadeiro já colaborou inúmeras vezes (nomeadamente na co-curadoria da exposição “Esquissos de Técnicas Interiores”, em torno do legado e obra de Steve Paxton) e que organizará seminários semanais que situam as práticas experimentais da Composição em Tempo Real em relação (nas suas próprias palavras) “à capacidade da dança para celebrar formas inusitadas e raras de ternura entre humanos e outras criaturas da Terra. Ela oferecerá Práticas Textuais, incluindo: “Sexy Library” (porque ler é sexy), “Blind Book Club”, “Conceptual Speed Dating” e outras maravilhas para pensar com textos e contornar o córtex”. Teremos ainda a presença da coreógrafa e improvisadora Lisa Nelson que dirigirá um workshop de duas semanas em torno da sua investigação Tuning Scores. Entre os pares de João Fiadeiro que se ocupam com as questões do pensar-operar a decisão e a performance, Lisa é com quem tem mais afinidades e um enorme respeito. A sua presença servirá não só para partilhar com os participantes  o pensamento absolutamente singular desta artista americana, como para colocar  em relação duas ferramentas de composição e improvisação  com inúmeros pontos de contacto.

 

Este bloco irá culminar com duas semanas dedicadas ao estudo, experimentação e reenactment da performance EXISTÊNCIA no Teatro do Bairro Alto em Lisboa, parceiro estratégico e co-produtor do PACAP 5. O EXISTÊNCIA foi um projecto de João Fiadeiro que estreou no Centro Georges Pompidou em Paris em 2002 onde se praticou Composição em Tempo Real ao vivo, colocando os performers e público num lugar de experiência radical com o presente e com a ideia de não-saber juntos. A experiência do EXISTÊNCIA foi estruturante na sistematização e processamento da ferramenta CTR e influenciou de forma profunda dezenas de coreógrafos, performers e artistas que passaram por esta experiência. O artista plástico Walter Lauterer e o músico Arnold Noid (que se encarregaram respectivamente da composição em tempo real do espaço e do som), estarão presentes em Lisboa para as apresentações públicas com os participantes do curso.

Bloco II. Processos de colaboração a partir de uma pergunta partilhada

Neste segundo bloco, queremos que o grupo (agora reduzido a 16 intervenientes) continue a ocupar-se com a questão do processo colaborativo, mas agora a partir de uma pergunta comum (uma abordagem que fica entre a “ausência de pergunta prévia” explorada no primeiro bloco e a existência de uma “pergunta individual” a ser explorada no terceiro bloco).

 

Esta é uma problemática que ocupa João Fiadeiro  desde os anos 90 e que, de certa maneira, foi a razão pela qual se começou a desenvolver uma ferramenta de trabalho como a Composição em Tempo Real. A ambição na altura era desenhar uma linguagem comum que criasse um campo de experimentação partilhado, mas sem deixar que essa linguagem nos condicionasse (nos condenasse) a seguir uma direcção previamente estabelecida (normalmente ditada pelo autor). Mas também não tínhamos interesse em desenvolver uma experiência exclusivamente horizontal porque sabíamos que a simples extracção do autor da equação não impedia que as estruturas de poder, desta vez implícitas, tomassem conta da narrativa.

 

O que constatamos é que existe uma diferença abissal no modo como esta estratégia “diagonal” de abordar a colaboração é aplicada se estivermos perante a perspectiva de uma decisão individual (como acontece na prática da improvisação ou mesmo no trabalho a solo), ou a partir da perspectiva de uma decisão colectiva (como acontece, por exemplo, no processo criativo em projectos de grupo). Enquanto que, ao nível da decisão individual, a “questão do afecto” pode ficar na sombra, protegido da luz e da formulação (e dar-se ao luxo de se manifestar só no fim), ao nível da criação colectiva, se o afecto (aquilo que nos move e nos liga) não for partilhado à partida, emergem de imediato, no interior do grupo, dinâmicas de relação simétricas (tendencialmente conflituosas) ou complementares (tendencialmente submissas) que impedem a construção de um comum partilhado. O que procuramos é criar as condições para que se activem formas de relação “recíprocas” e, no caminho, desactivamos lógicas binárias de relação onde, ou se tenta convencer alguém da nossa opinião ou ideia, ou nos subjugamos à opinião ou ideia do outro. Uma relação recíproca implica que partilhemos os “afectos” e as forças em jogo no momento do encontro (por definição vulneráveis, incompletas, frágeis). Implica que escutemos e prestemos atenção aos sinais (ainda fracos) daquilo que o acontecimento pede. Implica aceitar que não sabemos (juntos).

 

Como é que se identifica, circunscreve e partilha um afecto colectivo de forma a se poder trabalhar o encontro? E como é que é possível criar uma força vital comum que permita que a obra final traduza uma inquietação transversal e não um patchwork de tendências, desejos e desassossegos dispersos?

 

Serão estas as questões que servirão como ponto de partida para a investigação neste segundo bloco, que serão colocadas e geridas sobretudo a partir das vozes (e dos corpos) de quem experimentou na pele a tensão entre autoria, autoridade, autorização e autonomia: os performers e co-criadores dos projectos de grupo. Este período de investigação será por isso exclusivamente mediado por Márcia Lança e Carolina Campos, com a presença pontual de João Fiadeiro. Não só tiveram ambas papéis centrais na criação de peças de grupo da RE.AL como, nos últimos anos, vêm desenvolvendo juntas um conjunto de projectos em co-autoria onde estas questões têm um lugar de relevo.

 

O resultado das investigações desenvolvidas neste bloco serão mais uma vez apresentadas no Teatro do Bairro Alto num formato e numa configuração a definir.

 

Em paralelo a esta investigação continuada, instigada e mediada pela Márcia e a Carolina (mas desenvolvida de forma auto-organizada pelos intervenientes no curso), teremos a participação de alguns colectivos convidados que irão funcionar como “estudos de caso” através da partilha das suas práticas, experiências e questionamentos em relação à criação colectiva. Num primeiro momento iremos acolher João dos Santos Martins com a Companhia, projecto criado em modo colectivo em 2018 (que reúne o mesmo grupo que criou “Projeto continuado” em 2015) e que coloca o termo “companhia” em perspectiva, referindo-se simultaneamente à ideia de uma companhia de dança, à companhia entre pessoas e a uma noção de colectivo e interdependência presente na experiência de comunidade. De seguida teremos o projecto Hormigonera – que em português significa “betoneira” – uma prática de criação colaborativa que pesquisa modos alternativos de colaboração e processos dramatúrgicos. É activado por um grupo de artistas uruguaios que trabalham nas linguagens do espaço, matéria, luz e som para invocar acções performativas que procuram “dar voz” a materiais “pobres” e “marginais” colocando-se eles próprios, enquanto artistas, ao serviço do seu agenciamento. Por fim teremos o colectivo catalão Orquestina de Pigmeos, que se movimenta na fronteira da performance, do som e do cinema, trabalhando sobretudo em ambientes site-specific e em estreita cooperação com as comunidades e moradores locais. Neste bloco teremos ainda a participação, de modo transversal, de David-Alexandre Guéniot, director da editora GHOST, que desenvolverá um projecto de edição com os intervenientes, que culminará na criação de um livro de artista(s) produzido de forma colectiva.

Bloco III. Processos de investigação individual de cada participante

Chegados a esta fase do curso, agora com 8 participantes, o foco passará a ser a investigação individual de cada interveniente. João Fiadeiro, Carolina Campos e Daniel Pizamiglio colocar-se-ão nesta fase “ao serviço” dos projectos de cada artista, numa postura de acompanhamento e facilitação. O objectivo será utilizar as ferramentas entretanto trabalhadas e experimentadas nos primeiros dois tempos do curso e canalizá-las agora para uma investigação individual, com o intuito de se conseguir activar o processo de tradução que vai desde o afecto inicial, passando pela formulação do seu enunciado, até à manifestação do acontecimento em si.  Essa manifestação – que voltará a ter lugar no Teatro do Bairro Alto – poderá ter lugar na forma de esquisso, de maquete ou até de “obra” desde que o foco, em qualquer destas escalas, não esteja no produto mas no processo. O que nos interessa perguntar e identificar são os modos mais apropriados (para aquele/a artista e aquele material em particular) para que a potência contida na pergunta inicial (que o/a faz mover e, no limite, querer criar), possa ser traduzido de maneira a que haja uma correspondência entre o afeto inicial e o gesto entretanto tornado público.

 

Esta dimensão pública da partilha é fundamental para que o “outro” deixe de ser idealizado e para que se entenda que um gesto só é realmente concluído quando recebido por um terceiro. É muitas vezes neste momento de “colisão” com o outro, que nos apercebemos com clareza se aquilo que dissemos-fizemos era exatamente aquilo que queríamos dizer-fazer. Raramente é. Mas o que importa, sobretudo num contexto de formação-investigação, é a identificação dessa dificuldade para que, a partir daí, se possa voltar a falhar. “Falhar melhor”, como nos diz Beckett.

 

Durante o decorrer do bloco seremos visitados por cinco artistas – La Ribot, Gustavo Sumpta, Mette Edvardesen, Eleonora Fabião e a dupla Luara Learth/Acauã Elbandido – que irão partilhar com o grupo o modo como “falharam” para chegar ao lugar de investigação em que se encontram. São artistas que partilham premissas semelhantes na relação que desenvolvem com o gesto artístico, sobretudo ao nível das suas éticas de trabalho e compromisso radical com o tempo presente. Têm ainda em comum um posicionamento crítico em relação às suas disciplinas, não se deixando capturar por qualquer tipo de catalogação artificial e manipuladora. Mas fizemos questão que fossem artistas bastante díspares entre si, tanto ao nível formal como ao nível geográfico e geracional.

 

A nossa expectativa é que o acesso aos seus modos de operar informe os intervenientes desta simples equação:  os caminhos para se chegar à construção de uma obra (gesto, acção) serão sempre múltiplos, mas será sempre a partir da colisão (e relação) entre as nossas forças e as nossas vulnerabilidades  (entre a poesia e a selvajaria), que algo vital e urgente poderá emergir.

Curadoria

João Fiadeiro

Forum Dança | PACAP 5 - João Fiadeiro
João Fiadeiro © Ana Viotti

João Fiadeiro

Nascido em 1965, João Fiadeiro pertence à geração de coreógrafos que surgiu no final da década de 1980 e que deu origem à Nova Dança Portuguesa.

O seu percurso, quer enquanto coreógrafo ou performer, como enquanto investigador ou curador, centrou-se na criação de condições para a experimentação, a prática laboratorial e o cruzamento interdisciplinar. Esta actividade foi realizada tanto no quadro da direcção de projectos de programação e investigação artística, que passaram pelo Centro Cultural da Malaposta (1990-95), pelo Espaço Ginjal (1995-1998), pelo Lugar Comum (1999-2000), pelo Espaço A Capital (2000-2002) e pelo Atelier Real (2004-2019), como no quadro da sua prática artística, através das criações e dos ateliers de investigação organizados em torno da Composição em Tempo Real.

Em todas estas diferentes plataformas de encontro, João Fiadeiro foi sempre acompanhado por artistas que participaram activamente enquanto criadores, performers, investigadores e programadores, contribuindo de maneira decisiva para a existência deste projecto durante 30 anos de actividade ininterrupta.

O grupo actual – a que se está a chamar de Coletivo Atelier RE.AL – tem uma composição variada, mas para este PACAP foram convidados Márcia Lança, Carolina Campos, Daniel Pizamiglio e Ivan Haidar que têm tido um papel preponderante na actividade do colectivo nos últimos 5 anos, desde a co-criação de obras colectivas (O que fazer daqui para trás/2015 e From Afar it was an island, de perto uma pedra/2018), passando pelo processamento e sistematização da Composição em Tempo Real, até à programação do Atelier Real.

Márcia Lança

Forum Dança | PACAP 5 - Márcia Lança
Márcia Lança

Márcia Lança

Márcia Lança iniciou a sua formação em Artes do Espectáculo no Chapitô (1999/02). Da formação em dança destaca ex.e.r.ce 05 no CCN de Montpellier, o curso básico de Análise do Movimento, pelo IAM (2004), o Curso de Dança Contemporânea e Pesquisa de Movimento na SNDO de Amesterdão (2003), o Curso de Pesquisa e Criação Coreográfica no Fórum-Dança (2002) e a formação contínua no C.E.M. (2001/04).

Criou Dentro do Coração, NOME, Por esse Mundo Fora, Evidências Suficientes para a Não Coerência do Mundo, Happiness and Misery, 9 Possible Portraits, O Desejo Ignorante, Trompe le Monde, Morning Sun, Dos joelhos para baixo.

Colaborou com João Fiadeiro, Cláudia Dias, Sónia Baptista, Alex Cassal, Carolina Campos, Miguel Castro Caldas, Olga Mesa, Nuno Lucas, Jørgen Knudsen, Aniol Busquets e Thomas Forneau.

Carolina Campos

Forum Dança | PACAP 5 - Carolina Campos
Carolina Campos

Carolina Campos

Carolina Campos é brasileira e vive entre Lisboa e Barcelona.

Realizou o Programa de Estudos Independentes do Museu de Arte Contemporânea de Barcelona.

No Brasil trabalhou com a Lia Rodrigues Cia de Danças, entre 2008 e 2011.

Colabora intensamente desde 2013 com João Fiadeiro na formação, criação e investigação da Composição em Tempo Real.

Em Barcelona está associada ao Centro de Criação Escocesa.

Daniel Pizamiglio

Forum Dança | PACAP 5 - Daniel Pizamiglio
Daniel Pizamiglio © Matheus Martins

Daniel Pizamiglio

Daniel Pizamiglio é performer e criador brasileiro.

De 2008 a 2010 fez o Curso Técnico em Dança de Fortaleza (2008-2010). Durante este período encontrou o coreógrafo João Fiadeiro e a partir deste encontro mudou-se para Lisboa em 2012, onde actualmente vive e trabalha.

Desde então estuda e pratica a Composição em Tempo Real; participou no Programa de Estudo, Pesquisa e Criação Coreográfica do Forum Dança (2015-2016); tem colaborado como intérprete, co-criador e assistente de direcção com diferentes artistas.

No seu trabalho autoral, procura um encontro entre a poesia e o corpo (“Dança Concreta”) e como activar a corporalidade dos afectos e da relação (“Preste Atenção Em Tudo A Partir de Agora”).

Participantes

Aline Belfort (BR), Andrei Bessa (BR), Bárbara Cordeiro (PT), Bartosz Ostrowski (PL), Bruno Levorin (BR), Carolina Canteli (BR), Chloé Saffores (FR), Francisco Thiago (BR), Giovanna Monteiro (BR), Herlandson Duarte (CV/PT), Jean Lesca (FR), Katarina Lanier (US), Katinka Wissing (DK), Leonardo Shamah (BR), Leonor Lopes (PT), Leonor Mendes (PT), Lucas Damiani (UY), Nazario Díaz (ES), Nicole Gomes (BR), Nirvan Navrin (PT), Piero Ramella (IT), Roberto Dagô (BR), Rosa Sijben (NL), Ves Liberta (PT), Vicente Antunes Ramos (BR).

Formulário de candidaturas

Actividades PACAP 5

Apoios e Parcerias

Coprodução PACAP 5: Teatro do Bairro Alto

Apoios PACAP 5: O Rumo do Fumo, Alkantara, OPART | Estúdios Victor Córdon, O Espaço do Tempo, Fundação GDA, Piscina.

Forum Dança | Apoios PACAP 5
Forum Dança - João dos Santos Martins | PACAP 4

PACAP 4
2020

Curadoria de João dos Santos Martins

De Janeiro a Julho de 2020

Pensar um plano de estudos é sempre um conflito entre o ideal e o possível, entre uma certa imposição de uma forma de ver e estar no mundo, e a criação de condições para originar outros mundos. Nas palavras de Rabindranath Tagore, a educação não serve senão para dar resposta e nos livrarmos da “agressividade suicida do egoísmo colectivo”. Este programa não é mais do que isso. Focado na experimentação, procurará desafiar os paradigmas da dança e da coreografia contemporâneas através da activação de um posicionamento crítico e discursivo, ainda que sempre comprometido, para com essas práticas. Mas é sobretudo pensado como um tempo e um lugar protegidos para encorajar todxs xs participantes a desenvolver e analisar a sua prática artística num ambiente colectivo, intelectual e artisticamente estimulante.

 

Neste programa não há distinção entre aulas ‘técnicas’, de ‘pesquisa’ ou outras que tais. Partimos do princípio de que não pode haver distinção entre conhecimento prático e teórico e que é essa mesma divisão que induz uma alienação no próprio trabalho. O programa baseia-se unicamente nas propostas dxs artistas e intervenientes que passarão tempo com xs participantes potenciando experiências comuns de questionamento e transformação. Xs intervenientes convidadxs partilham a necessidade de desmistificar as dicotomias corpo/cabeça, acção/pensamento, prática/teoria, procurando articular o discurso e a prática como partes integrais e integrantes de modos de fazer e pensar, e não como pólos opostos.

 

Acreditamos na prática da dança como um suporte para a prática artística que está em permanente diálogo com outros suportes e com as genealogias da história da arte em geral. Procuraremos um diálogo com esses vários ‘suportes’ e xs agentes que os praticam através de visitas a estúdios de artistas locais e parcerias com estruturas e instituições circundantes que estabeleçam a ponte com o contexto das artes local. E como o fazer da arte está sempre em diálogo com os seus modos de apreensão, o programa é continuamente reforçado com visitas a exposições, visionamento de filmes, ida a espectáculos e conferências de agentes de vários domínios.

 

Acreditamos que parte do labor artístico é necessariamente autodidacta. Nesse sentido, privilegiaremos o cultivo de um espaço de partilha, de colaboração e trabalho em grupo de forma a construir conhecimentos e experiências comuns que incitem xs participantes a aprofundar as suas práticas, individual ou colectivamente. Durante o período do programa serão disponibilizados estúdios para que xs participantes possam desenvolver os seus trabalhos cujos processos serão partilhados ao longo de seis meses. No final do ciclo todxs xs participantes deverão apresentar publicamente esse trabalho, articulando assim, como refere Rancière, “os modos de fazer, as suas formas de visibilidade correspondentes e as formas possíveis de pensar as suas relações”. / João dos Santos Martins 

Biografia

João dos Santos Martins (Santarém, 1989) é um artista que trabalha a partir e através da dança e do suporte coreográfico. Começou por estudar na Escola Superior de Dança, em Lisboa, e na P.A.R.T.S., em Bruxelas, e concluiu os seus estudos coreográficos entre o exerce, em Montpellier, e o Instituto de Estudos de Teatro, em Giessen.

 

Desde 2008, tem articulado a sua prática entre a produção de peças e a colaboração como bailarino com outros autores como Ana Rita Teodoro, Eszter Salamon, Moriah Evans e Xavier Le Roy. O seu trabalho é caracterizado por uma diversidade de formatos e dispositivos que investem na produção de conflitos entre o sujeito que dança e o objecto dançado. As suas peças são geralmente desenvolvidas em colaboração com outros artistas como em Antropocenas (2017), com Rita Natálio e Pedro Neves Marques, e Onde Está o Casaco? (2018), com Cyriaque Villemaux e Ana Jotta.

 

Desde 2017 tem expandido a sua prática a outros formatos paralelos. Organizou o ciclo Nova—Velha Dança em Santarém, com espectáculos, workshops, conversas e exposições; criou, com Ana Bigotte Vieira, um dispositivo para a historização colectiva da dança em Portugal — Para Uma Timeline a Haver — e fundou um jornal — Coreia — dedicado a produzir discursos sobre as artes e os artistas em especial relação com a dança.

Professores e Artistas Convidados

Ana Jotta (PT), Ana Pi (BR), Ana Rita Teodoro (PT), Antonia Baehr (DE), Christine de Smedt (BE), Christophe Wavelet (FR), Chrysa Parkinson (US/SE), Eszter Salamon (HU), Fred Moten (US), Joana Sá (PT), João Fiadeiro (PT), Latifa Laâbissi (FR), Moriah Evans (US), Paula Caspão (PT), Pedro Barateiro (PT), Rita Natálio (PT), Scarlet Yu (HK), Vera Mantero (PT), Xavier le Roy (FR).

Participantes

Alina Ruiz Folini (AR), Aline Combe (FR), Bianca Zueneli (IT), Emily Barasch (US), Isadora Alves (PT), Isis Andreatta (BR), Julián Pacomio (ES), Laura Ríos (CU), Laure Fleitz (FR), Leire Aranberri (ES), Maria Abrantes (PT), Marina Silva / Dubia (BR), Natália Mendonça (BR), Randy Reyes (US/GT), Sara Vieira Marques (PT), Suiá Ferlauto (BR).

Apresentações

  • Ciclo de apresentações em Lisboa, previstas acontecer em Julho de 2020, inicialmente pensadas num ciclo de programação na Fundação Calouste Gulbenkian, mas apresentadas no Espaço da Penha e no Espaço Alkantara.

Actividades PACAP4

Apoios e Parcerias

Apoio Financeiro: Fundação Calouste Gulbenkian | Apoios: O Rumo do Fumo | ALKANTARA | O Espaço do Tempo | Estúdios Victor Córdon

Forum Dança - Apoios PACAP 4
Forum Dança - Vânia Rovisco | PACAP 3

PACAP 3
2019

Curadoria de Vânia Rovisco

De Abril a Agosto de 2019

Palavras Chave:

Performance; Instalação; Corpo expandido; Práticas teóricas;
Música; Artes plásticas e visuais; Poética do corpo; Hibridismo formal.

Na constituição do programa, a artista teve como eixo central o acto de criação como momento de expressão livre organizada por diferentes modos, meios e variações, por sua vez submetido a uma urgência ou necessidade de afectar o tecido social e/ou individual. A multiplicidade dos recursos artísticos no processo de criação constitui a performance como uma arte integral, múltipla, transdisciplinar e móvel nas constelações e modos de partilha artística, conferindo ao PACAP 3 uma estrutura contemporânea que avança cuidada, curada por Vânia Rovisco.

 

O PACAP 3 foi concebido como um processo contínuo vitalizado pela confluência de múltiplas linguagens no acto de experimentação, investigação e preparação física. O trabalho e recurso ao corpo é fundacional ao programa, sendo que a sua abrangência às outras linguagens artísticas é ainda assim pautada a partir do eixo-corpo. As/os várias/os artistas convidadas/os a dar formação serão tanto transdisciplinares, quanto intergeracionais, com vista a manter nos participantes do programa uma relação de processo contínuo ou disruptivo, própria da partilha de processos e materiais inerentes ao hibridismo formal do PACAP 3.

 

A criação performática enquanto soma dos exercícios relacionais, em acordo com o paradigma contemporâneo do corpo [consciência] expandido, vai submeter-se no percurso do programa à prática crítica do lugar. Assim, os espaços de criação adquirem especial relevância numa topografia artística já fixada no PACAP 3 entre Coimbra, no Colégio das Artes; Montemor-o-Novo no Espaço do Tempo; e Lisboa na Escola Superior de Música, Culturgest e Espaço da Penha – Forum Dança. O curso terá ainda momentos abertos ao público como eventos pop-up ou estúdio aberto com apresentações informais.

 

De acordo com a ideia de corpo total, convoca-se no programa a exploração da potência híbrida e múltipla da performance contemporânea. Vários recursos serão activados em diálogo com a fórmula de teoria como prática e na prática: a construção de objectos derivando nas linguagens plásticas e visuais; o texto dito e escrito, enviando-nos para o índice performático de ambos; e a migração de ferramentas e métodos entre meios artísticos, como por exemplo as estratégias de improvisação de e a partir da música.

 

O curso pretende-se o mais aberto possível, buscando um grupo heterogéneo que gravite ou se mova nos campos da performance, dança, teatro, música, artes plásticas, cénicas e visuais, poesia, literatura. O comprometimento, o empenho e a entrega pessoal é essencial para progredir sobre as nossas questões e visões da criação e para o despegar radical e persistente das nossas rotinas durante os 4 meses de duração do PACAP 3.

Biografia

Vânia Rovisco Durban, África do Sul (1975). Artista visual performativa, criadora de instalações de peças duracionais, através das quais explora e actualiza processos relacionais. Com um trabalho ancorado na investigação e consequente criação de uma corporeidade processual, feita em relação, trabalha com o público a fabricação de experiências mediadas por modelações espaciais, temporais e perceptivas.

 

Concluiu o Curso para Intérpretes de Dança Contemporânea do Forum Dança (1998-2000). Trabalhou como intérprete com Meg Stuart/Damaged Goods (2001-2007) em diversas peças e projectos de improvisação. Colaborou com Pierre Colibeuf; Helena Waldman; Gordon Monahan, entre outros.

 

Em 2004 começou a fazer direcção de movimento, com os directores João Brites, Gonçalo Amorim e Gonçalo Waddington/Carla Maciel. Em 2007 tomou a decisão de colocar o corpo no contexto da galeria de arte, concebendo instalações e performances, o que se tornou um alicerce na concepção do seu trabalho. Também envolve vídeo na captura da plasticidade do corpo e do movimento. Em 2013 estreou o solo The Archaic, Looking Out, The Night Knight. Em 2014 participou na Feira de Arte Contemporânea Mostra’14. Encenou para o festival TODOS Silo de carros e estradas giratórias e no mesmo ano iniciou REACTING TO TIME, portugueses na performance, que versa sobre a transmissão do arquivo vivo da performance em Portugal nos finais dos anos 60. Em 2017 concebeu a peça de grupo EQUANAMIDADE – ÂNIMO INALTERÁVEL para o Festival Walk&Talk no Açores. É co-fundadora da plataforma artística internacional AADK – Aktuelle Architektur der Kultur, com lugar na Alemanha, em Portugal e Espanha. Lecciona workshops desde 2003. É curadora do PACAP 3— Programa Avançado de Criação nas Artes Performativas— no Forum Dança a ter lugar entre 15 de Abril e 16 de Agosto de 2019.

Professores e Artistas Convidados

Abraham Hurtado (ES), Ana Salcedo (PT), Antonija Livingston (CA), António Poppe (PT), Åsa Frankenberg (SE), Cátia Leitão (PT), Ezequiel Santos (PT), Gordon Monahan (CA), Hugo Cristóvão (PT), Inês Aires (PT), Janis Dellarte (PT), Joana Trindade (PT), Jochen Arbeit (DE), Laura Kikauka (CA), Manuel Magalhães (PT), Mash Yan (PT), Meg Stuart (US/DE), Miguel Moreira (PT), Mónica Calle (PT), Sam Louwyck (BE), Sónia Baptista (PT), Tanja Šmič (HR), Vânia Rovisco (PT), Vera Mantero (PT), Yael Karavan (IL), Yuko Kominami (JP).

Participantes

Acauã El Bandido (BR), Alice Giuliani (IT), Alina Usurelu (RO), Antoine Parra del Pozo (FR), Daniel Miranda (BR), Diego Bagagal (BR), Filipa Duarte (PT), Filipe Baracho (PT), Gabriela Cordovez (BR), Gabriela Gonçalves (PT), Guilherme Barroso (PT), Joana Miranda (PT), Lola Bezemer (NL), Lucas Lagomarsino (AR), Miguel Ferrão Lopes (PT), Samara Azevedo (BR).

Apresentações

  • Ciclo de apresentações em Lisboa, “Unusual Event”, 13 e 14 de Agosto 2019, no Espaço da Penha.
Forum Dança - Sofia Dias & Vítor Roriz | PACAP 2

PACAP 2
2018/2019

Curadoria de Sofia Dias & Vítor Roriz

De Setembro de 2018 a Março de 2019

A segunda edição do PACAP é um convite ao fazer, porque é no fazer que nos encontramos e onde se tornam claras as nossas intenções e desejos. É um convite à falha porque a falha é condição indissociável do fazer e do risco que é imaginar e especular a partir da nossa experiência parcial do mundo. E é um convite à vulnerabilidade, à exposição, a pôr-se em perigo e a percorrer um limite, porque são qualidades de qualquer lugar de criação e também daquele que pretendemos para o PACAP.

 

Neste lugar de criação, mais do que manifestar uma essência, vamos procurar os meios para revelar experiências, pesquisando a tensão entre forma e conteúdo, entre o universal e o particular, entre o pessoal e o partilhável, entre o subjectivo, o discurso e a linguagem. Neste lugar não há expectativas sobre a eficácia enquanto qualidade de um processo, da mesma forma que desconfiamos do consenso como objectivo para os seus resultados. Porque é suposto falhar sempre algo, haver um desequilíbrio, estar “um pouco ao lado”. Porque é na falha e no que falta que se amplia a percepção e se dá lugar ao outro. E no PACAP estar com o outro, criar com e a partir do outro são pressupostos para falhar com mais estrondo e convocar um ligeiramente diferente no modo como fazemos e pensamos a criação artística.

 

Com um enfoque sobre as metodologias de criação e os formatos de apresentação, o PACAP 2 procura acompanhar cada participante na pesquisa e experimentação de uma ideia ou material coreográfico até ao momento da sua apresentação pública.

 

Assim, vamos testar diferentes modos de passar à acção e de tradução do desejo em matéria.

 

Vamos privilegiar a relação com o imaginário – a combinação de experiências, leituras, imagens, sensações e outras “coisas” em efervescência na nossa mente/corpo que determina muitas das nossas escolhas quando criamos uma obra e que é talvez o que nos resta de mais íntimo.

 

Vamos explorar as relações de interdependência entre a pesquisa individual e as formas de relação com o público: Que formato escolhemos para apresentar a pesquisa? Ou a que formato conduz a pesquisa? E como é que o formato de apresentação informa e influencia a direcção, a dramaturgia e a metodologia de criação?

 

Vamos atravessar a prática e o pensamento de um grupo eclético de coreógrafos, encenadores, cenógrafos e performers que têm como denominador comum a curiosidade e a necessidade de invadir e testar diferentes modos de fazer, pensar e comunicar.

 

Vamos poder trabalhar e apresentar as pesquisas individuais e colectivas em diferentes locais (teatros, galerias, ateliers, bibliotecas, salas de ensaio, black box, etc.) procurando diversificar as relações com o espaço, o tempo e o observador. / Sofia Dias & Vítor Roriz

Biografia

Sofia Dias & Vítor Roriz, dupla de coreógrafos a colaborar desde 2006 na pesquisa e concepção de vários trabalhos apresentados em mais de 17 países. Os seus trabalhos centram-se na articulação entre a voz, a palavra, o som e os objectos com o corpo, o gesto e o movimento. Em 2011 foi-lhes concedido o Prix Jardin d’Europe pelo espectáculo Um gesto que não passa de uma ameaça, um trabalho que questiona a hierarquia entre a palavra e o movimento. Enquanto dupla têm colaborado com diversos artistas tais como, Catarina Dias, artista visual e colaboradora de longa data, Lara Torres, Marco Martins, Clara Andermatt, Mark Tompkins e desde 2014 que apresentam António e Cleópatra de Tiago Rodrigues e Sopro (2017) do mesmo director. Leccionam regularmente aulas e workshops e têm vindo a organizar residências e encontros de reflexão entre artistas em diferentes contextos. Encontram-se neste momento a preparar a sua próxima peça com estreia no Festival Alkantara 2018. | www.sofiadiasvitorroriz.com

Professores e Artistas Convidados

Alex Cassal (BR), Christiane Jatahy (BR), David-Alexandre Guéniot (Ghost) (FR), Francisco Camacho (PT), Francisco Frazão (PT), Ghost editions (PT), Inês Nogueira (PT), Jared Gradinger (US), João dos Santos Martins (PT), João Fiadeiro (PT), John Romão (PT), Jonathan Saldanha (PT), Liliana Coutinho (PT), Luís Guerra (PT), Mário Afonso (PT), Miguel Gutierrez (US), Miguel Pereira (PT), Nadia Lauro (FR), Neil Callaghan (UK), Paulo Pires do Vale (PT), Philipp Gehmacher (AT), Sofia Dias (PT), Sofia Neuparth (PT), Sónia Baptista (PT), Teresa Silva (PT), Tiago Rodrigues (PT), Vânia Rovisco (PT), Vera Mantero (PT), Vítor Roriz (PT).

Participantes

Aiste Adomaityte (LT), Arianna Aragno (IT), Blanche Denardaud (FR), Bruno Brandolino (UY), Elena Bastogi (IT), Gabriela Nasser (BR), Maddalena Ugolini (IT), Mariana Viana (BR), Marta Ramos (PT), Nina Giovelli (BR), Patrícia Arabe (BR), Perline Aglaghanian (FR), Renann Fontoura (BR), Tamara Catharino (BR), Tatiana Bittar (BR).

Apresentações

  • Ciclo de apresentações em Lisboa de 15 a 22 de Fevereiro 2019, nos seguintes locais: Espaço ALKANTARA, Espaço da Penha.
  • Ciclo de apresentações em Vila Franca de Xira, na Companhia Inestética a 14 e 15 de Março de 2019.
  • Ciclo de apresentações em Toulouse, no CDC, a 23 de Março 2019.
  • Ciclo de apresentações no Porto, na Culturgest, a 29 e 30 de Março 2019.
Forum Dança - Patrícia Portela | PACAP 1

PACAP 1
2017/2018

Curadoria de Patrícia Portela

Setembro de 2017 a Março 2018

Hibridismo, Dramaturgias do Espaço e Arte Fantasma

“What best can I do?
Exactly what I’ve done.
My voice for the voiceless.“
Philip K. Dick, The Exegesis

O que nos atrai e nos chama numa obra de arte? O que se move quando nos movemos em palco? Quem escreve ou quem ou o que se inscreve quando escrevemos? O que se torna visível através da arte? E quem e o que (se) fala através da arte?
É desconcertante notar que não é a forma, nem o conteúdo nem a sua harmonia nem o discurso que rodeia uma obra de arte o que confere a um objecto artístico a sua qualidade artística, e sim algo extraordinário aos elementos que a constituem, como se a voz do artista, ou talvez devesse dizer, a voz do mundo através do artista estivesse presente e promovesse o encontro com aquilo que sem a arte é invisível.
Mas como é que esta voz ganha voz?
Como é que esta voz encontra o artista e comunica com um público através de uma obra e desta forma regressa ao mundo, reescrevendo-o?
Durante os 6 meses deste primeiro módulo gostaria de me debruçar na companhia de vários cúmplices sobre o processo individual de criação artística e sobre a interacção de objectos performativos com o público/seus criadores, de forma a compreender através da prática e da reflexão conjuntas, no que consiste a Voz de um artista, o quanto desta Voz reflecte o diálogo diário do nosso corpo com o mundo, de como essa Voz, enquanto corpo fantasma, é um espaço privilegiado para a manifestação de forças invisíveis que nos movem e nos movimentam em determinadas direcções em detrimento de outras, ganhando presença em cada obra.
Partindo de encontros vários com um grupo de artistas e formadores de várias áreas filosóficas e artísticas com um especial enfoque nas artes vivas, este módulo pretende oferecer um espaço de laboratório para a exploração de uma linguagem individual num ambiente interactivo onde diferentes possibilidades dramatúrgicas e de criação transdisciplinar possam coabitar.
Longe da estrutura de mestre/discípulo, reportório/intérprete ou de educador/educando, este espaço de partilha e crescimento horizontal pretende promover a convivência entre diferentes criadores em diferentes fases de desenvolvimento do seu percurso artístico, assim como produzir uma reflexão contínua acompanhada por alguns dos pensadores que consideramos relevantes e neste princípio de milénio.
O objetivo principal desta deglutição e centrifugação simultâneas de linguagens individuais e colectivas através da experimentação, reflexão e apropriação de materiais diversos, a solo e em conjunto é permitir a construção e apresentação de solos e/ou duetos e consequente reflexão crítica sobre os mesmos que possam servir de “cartão de visita” dos participantes no meio profissional enquanto coreógrafos, performers, dramaturgos, autores ou artistas multidisciplinares.” / Patrícia Portela

Biografia

Patrícia Portela, autora de performances, instalações transdisciplinares e obras literárias, vive entre Portugal e a Bélgica, itinerando com regularidade pelo mundo. Estudou cenografia, cinema, dança e filosofia. Entre 1994-2002 trabalhou como figurinista/cenógrafa em teatro e cinema recebendo o Prémio Revelação 94 da Associação de Críticos de Teatro. Foi uma das fundadoras do grupo O Resto (1996) e da Associação Cultural Prado (2003). Reconhecida pela peculiaridade da sua obra, recebeu vários prémios dos quais destaca Prémio Madalena Azeredo de Perdigão/FCG para Flatland I e Prémio Teatro na Década para Wasteband. Autora de romances como Para Cima e não para Norte (2008) ou Banquete (Finalista do Grande Prémio para Romance e Novela 2012), participou no 46º International Writers Program de Iowa City (2013) sendo a primeira Outreach Fellow da Universidade de Iowa City. Lecciona dramaturgia desde 2008 em instituições e universidades. Foi finalista do Prémio Media Art Sonae/MNACC 2015 com a instalação Parasomnia, a primeira bolseira literária de Berlim da Embaixada Portuguesa na Alemanha, em 2016 e é cronista regular do JL desde 2017.

Professores e Artistas Convidados

Adriana Sá (PT), Alex Cassal (BR), Ann Brosens (BE), Barinamo (KR), Catarina Mourão (PT), Clara Andermatt (PT), Daniel Worm (PT), Fernando Matos Oliveira (PT), Gonçalo M. Tavares e os Espacialistas (PT), Inês Nogueira (PT), João dos Santos Martins (PT), João Fiadeiro (PT), João Tabarra (PT), Louise Chardon (FR), Luís Urbano (PT), Manoel Barbosa (PT), Miguel Bonneville (PT), Miguel Gomes (PT), Nicolas de Warren (BE), Nuno Lucas (PT), Olivier Hadouchi (FR), Patrícia Portela (PT), Peter Michael Dietz (DK), Sofia Dias & Vítor Roriz (PT), Sónia Baptista (PT), Vânia Rovisco (PT), Willow Verkerk (CA), Yukiko Shinozaki (JP).

Participantes

Anthi Kougia (GR), Bartosz Ostrowski (PL), Blanca Gómez Terán (ES), Bruna Carvalho (PT), Catarina Muge Marcos (PT), Clarissa Rêgo Teixeira (BR), Daniel Lühmann (BR), Gabriela D’Angelis (BR), João Abreu (PT), João Estevens (PT), Josefa Pereira (BR), Mafalda Miranda Jacinto (PT), Margarida Bak Gordon (PT), Navina Neverla (AT).

Apresentações

  • Ciclo de apresentações em Lisboa (Ciclo PLEX) de 6 a 23 de Março 2018, nos seguintes locais: Rua das Gaivotas 6, Galeria Monumental, CCB – Sala de Ensaio, ALKANTARA, Reservatório da patriarcal, Galeria ZDB e Negócio ZDB.
  • Ciclo de apresentações em Coimbra, no auditório TAGV, a 27 de Março 2018, no âmbito da 20.ª Semana Cultural da Universidade de Coimbra e das comemorações do Dia Mundial do Teatro – Novos Criadores.
  • Ciclo de apresentações em Viseu, no Teatro Viriato, a 29 de Março 2018.
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