Title Image

PACAP 6
2023

Sofia Dias & Vítor Roriz

PACAP 6
2023

Programa Avançado de Criação em Artes Performativas

Curadoria de Sofia Dias e Vítor Roriz

De 16 de fevereiro a 30 de julho de 2023

CANDIDATURAS ENCERRADAS

Abertas até 20 junho de 2022

Apresentação

Em cada época há vozes que chegam do futuro e impelem a mudanças urgentes e necessárias no presente. As vozes que nos chegam hoje do futuro parecem sofrer daquela rouquidão quase muda de quem durante anos repete até à exaustão a mesma coisa. Apesar das inúmeras declinações e formulações, mais ou menos prosaicas, mais ou menos poéticas, essa mensagem do futuro surge numa questão tão simples quanto esta: “se já sabes o que é preciso fazer, porque é que não o fazes?” E não é a aparente afonia que torna estas vozes inaudíveis, mas o esforço voluntário de as minimizar, ignorar ou adiar. Camus, em O Mito de Sísifo, chega a uma síntese que nos parece ligada à raiz dessa surdez “…o consentimento prático e a ignorância simulada, (…) faz com que vivamos com ideias que, se na verdade as sentíssemos, deveriam transformar toda a nossa vida.” Esta contradição entre as ideias e a prática são um lugar fértil de questionamento artístico pelo que nos revela da futilidade das barreiras entre o desejo de transformação e a ação ou da dificuldade de algumas comunidades em largar o “osso” do privilégio, não só sobre outras comunidades, como sobre a própria natureza.

 

A par da imprevisibilidade do que aí vem, da obsolescência de algumas ferramentas de pensamento e ação que caracterizam a nossa sociedade, das vozes que a anunciam, das resistências à sua escuta, há um futuro a ser imaginado e para o qual estamos desde já a contribuir ativa ou passivamente. O PACAP é um desses lugares de imaginação e de experimentação onde as circunstâncias do mundo estão em diálogo com as especificidades e subjetividades de cada artista e, por isso, um lugar especial para o debate das nossas contradições. O trabalho de cada artista comunica de forma mais ou menos direta com as múltiplas temporalidades que constituem a realidade, influenciando-a e absorvendo-a, fazendo parte dela e, por vezes, distanciando-se para criar mundos paralelos que nos garantem uma perspetiva crítica sobre o que se passa à nossa volta. No curioso equilíbrio entre o particular e o universal, vemos como a aproximação ao que há de mais singular e específico em cada artista tem a capacidade de, não raras as vezes, afetar mais pessoas do que aquelas que fazem parte do seu círculo habitual. E nestas afetações sucessivas vamos contribuindo para a diversidade de imaginários sobre o corpo, a identidade, as relações.

 

O PACAP, enquanto comunidade provisória, é também um lugar de composição das relações entre cada participante, de articulação entre o individual e o coletivo, de experimentação de outras dinâmicas de interação que se sobreponham às de privilégio e poder, tais como o cuidado, a generosidade, a atenção, a colaboração.

 

O PACAP convoca uma intensidade pelo simples facto de ser uma comunidade a prazo. Esta consciência do fim dá o acréscimo de energia e a urgência necessárias para espoletar relações inusitadas e excessos que escapam ao controlo, mas que são indispensáveis à imaginação. Podemos usar esta energia do estar juntos para provocar tanto um re-centramento, como um ligeiro desvio ou deslocação nos nossos modos de pensar/fazer.

 

Por tudo isto, sabemos que para além do incrível grupo de artistas que convidamos para estarem connosco, o que torna a experiência do PACAP realmente única é a constelação de participantes que irá integrar este Programa. Gostaríamos, por isso, de convidar 16 pessoas com o desejo e o prazer da experimentação, para connosco imaginarem múltiplos futuros através de projetos cujos pontos de partida tanto podem ser uma simples qualidade de movimento, um conceito urgente e atual, uma ideia banal, uma intuição por nomear, um objeto fora do lugar, ou qualquer outra coisa que provoque a inquietação necessária para criar.

Estrutura

O PACAP 6 está estruturado em cinco momentos:

 

  • Momento 1 – Comunidade temporária, de 16 fevereiro a 10 de março 2023;
  • Momento 2 – Laboratórios, encontros e conversas, de 13 de março a 19 de maio de 2023;
  • Momento 3 – Pesquisa e Criação, de 22 de maio a 2 de julho;
  • Momento 4 – Apresentação Pública, de 3 a 23 de julho;
  • Momento 5 – Reflexão/feedback, produção e fim, de 24 a 29 de julho.

 

Aceda aos separadores para saber mais informação sobre cada um destes momentos que constituem a estrutura do programa.

MOMENTO 1

Comunidade Temporária

[de 16 fevereiro a 10 de março 2023]

O PACAP 6 é uma comunidade temporária com a duração de seis meses. E enquanto comunidade precisamos de encontrar modos de coexistência onde a combinação das heterogeneidades de cada artista se traduzam numa maior capacidade de ação. A forma como nos constituímos enquanto comunidade, embora tenha muito de aleatório e involuntário, depende de uma atenção particular à composição das relações para que nenhum modo de pensar/fazer se veja desqualificado e para que se preserve a diversidade de perspetivas e a liberdade de criação. É uma composição instável e em mutação contínua ao longo dos seis meses, mas à qual nos dedicamos conscientemente neste primeiro momento.

 

Residência
O PACAP 6 começa com uma residência de seis dias com a presença de Sofia e Vítor. Nesta residência, vamos começar por partilhar os projetos com que cada artista se candidatou a este programa, bem como algumas das suas referências e práticas pessoais. Simultaneamente, iremos explorar uma série de metodologias de colaboração e reflexão coletiva numa lógica de reciprocidade, cuidado e circulação de ideias.

 

Laboratório com Sofia & Vítor
Durante oito dias, Sofia e Vítor vão partilhar algumas das suas ferramentas de pesquisa, ao mesmo tempo que acompanham cada artista na preparação e apresentação de uma breve performance/ensaio a partir dos projetos individuais. Para assistir a estas performances/ensaios convidaremos o círculo de cúmplices do PACAP. Trata-se da primeira e ainda íntima abertura desta comunidade temporária ao exterior, num movimento de expansão e agregação.

 

Visitas às estruturas locais
Nestas primeiras semanas faremos visitas a vários espaços de apresentação, pesquisa e experimentação de artes performativas de Lisboa e teremos oportunidade de falar com as pessoas que os coordenam. Esta visitas são uma primeira contribuição para o mapeamento da cidade de Lisboa por cada artista e pretendem tornar mais fácil a sua comunicação com essas estruturas enquanto potenciais parceiros.

MOMENTO 2

Laboratórios, encontros e conversas

[de 13 de março a 19 de maio de 2023]

O segundo momento do PACAP corresponde a um período de incorporação crítica das práticas, influências, perspetivas e desejos de uma série de pessoas convidadas em diferentes formatos de encontro.

 

Laboratórios de pesquisa
Procurámos congregar um grupo eclético de 8 artistas, que ao longo de doze semanas vão partilhar os seus modos de pesquisa e criação em laboratórios com a duração de 5 a 10 dias.

Pessoas já confirmadas: Alex Cassal, Christine de Smedt, João FiadeiroLigia Lewis, Marcelo EvelinSheena McGrandles, Simone Aughterlony e Vera Mantero.

 

Resposta criativa
Os laboratórios de pesquisa serão pontuados por um momento de resposta criativa e crítica de cada participante. Esta resposta pretende devolver um olhar ou um feedback às pessoas convidadas de forma a sedimentar a experiência do laboratório e colocá-la em diálogo com os projetos individuais. A resposta criativa/crítica será uma oportunidade para a experimentação de diferentes formatos de apresentação.

 

Encontros pontuais / Crash Meetings
Entre os oito laboratórios de pesquisa estão previstos encontros pontuais com artistas a residir ou de passagem por Lisboa. A duração desses encontros varia entre apenas algumas horas a um dia e o seu formato é aberto e flexível. Os Crash Meetings são uma oportunidade para incluir artistas locais e expandir a comunidade temporária do PACAP 6.

Para além das escolhas da curadoria, há ainda espaço para sugestões do grupo de participantes do PACAP, indo ao encontro das necessidades e interesses coletivos.

 

Para o PACAP 6 convidámos também algumas pessoas para ampliar e adensar a reflexão e discussão sobre os temas/assuntos que gostaríamos de abordar neste programa, nomeadamente, a apropriação criativa, a tensão entre forma/conteúdo e a relação da criação artística com diversos temas prementes. Haverá um foco particular sobre o conceito de “bridging the divide” que a tradução livre poderia ser “aproximar os que estão divididos”. Neste âmbito, representantes de dois projetos que operam segundo este conceito vão partilhar a sua experiência, sobretudo na tentativa de aproximação de pessoas de espectros políticos radicalmente diferentes. O conceito “bridging the divide” a par da pesquisa de ferramentas para o diálogo com quem consideramos estar nos antípodas das nossas convicções (não só políticas como também artísticas) são um eixo fundamental na reflexão e ação do PACAP 6. Também para estas conversas/seminários haverá espaço para as sugestões de cada participante.

Pessoas já confirmadas: François Chaignaud, Rita NatálioPiny, Ana Correa e Hanna Israel (Europe Talks).

 

Programa Paralelo
Será proposto ao grupo de participantes do PACAP 6 um programa de espetáculos e performances em diferentes espaços culturais de Lisboa. A visualização coletiva permite criar um plano comum de reflexão não só sobre os espetáculos mas também, por efeito de espelho, sobre as práticas de cada participante do PACAP. É mais fácil discutir e aplicar alguns conceitos tendo um espetáculo como referência comum. Este programa paralelo, decorre fora do horário do PACAP e a sua participação é facultativa.

MOMENTO 3

Pesquisa e Criação

[de 22 de maio a 2 de julho]

Durante seis semanas, cada participante do PACAP trabalhará nos projetos individuais de criação. É um período acompanhado por Sofia e Vítor, e por instigadores locais escolhidos por cada participante. Será proposta uma metodologia de colaboração onde cada participante se coloca ao serviço de um ou mais projetos de modo a que este processo criativo seja o mais acompanhado possível e para que se tire partido do principal recurso deste programa: os pares.

 

No início deste processo, será realizado um plano de produção em colaboração com a equipa do Forum Dança de modo a adequar os recursos existentes ou a encontrar outros necessários à concretização dos projetos. Na quarta semana de criação haverá um momento de apresentação informal e sessão de feedback.

Durante a última fase do processo criativo o grupo participará num laboratório de acompanhamento técnico com Letícia Skrycky e Santiago Rodríguez Tricot, que depois farão a mediação técnica com os espaços de apresentação, para a implementação do projeto no Teatro do Bairro Alto e na Culturgest.

 

Documentação
Em colaboração com uma artista e designer gráfica será desenvolvido um projeto de documentação coletivo do processo criativo de cada participante. Numa primeira fase serão recolhidos materiais com vista à constituição de um arquivo pessoal. Esse arquivo servirá depois de campo de experimentação para a criação de um objeto documental coletivo que poderá dialogar diretamente com o trabalho em “estúdio” ou partir numa direção autónoma.

Este processo conta com a colaboração de Marta Ramos.

MOMENTO 4

Apresentação Pública

[de 3 a 23 de julho]

O processo criativo de seis semanas culmina com as apresentações públicas dos projetos individuais em duas instituições culturais de Lisboa: o Teatro do Bairro Alto (TBA) e a Culturgest. Um dos parceiros irá acolher sobretudo projetos que se enquadram no espaço teatral enquanto que o outro acolherá projetos para espaços não convencionais, nomeadamente o espaço exterior (jardins, rua, auditório ao ar livre, etc.). Esta diversidade de contextos de apresentação e respetivo apoio técnico e logístico das equipas destas instituições culturais procura ir ao encontro da diversidade e especificidade das propostas de cada participante. Assim, os formatos de apresentação dependem exclusivamente do processo de criação e das intenções artísticas de cada participante que tanto podem resultar num espetáculo ou performance como numa palestra, prática coletiva, instalação, experiência sonora, passeio guiado, entre múltiplas outras opções.

As apresentações públicas do PACAP são um momento de celebração, de ampliação das relações desta comunidade temporária e de reflexão coletiva.

 

Partilha de Documentação
O período da apresentação pública será também a oportunidade para partilhar, num dos espaços do Teatro do Bairro Alto, uma composição coletiva dos arquivos pessoais, dando a ver linhas de força, aproximações e afastamentos entre cada projeto. Esta composição temporária serve tanto de introdução aos projetos como de ponto de apoio para posteriores reflexões e discussões.

 

Registo
Será realizado um registo fotográfico e uma gravação vídeo integral de cada apresentação. Este registo será cedido aos participantes para a documentação e/ou difusão do projeto.

MOMENTO 5

Reflexão/feedback, produção e fim

[de 24 a 29 de julho]

Reflexão e feedback
De volta à intimidade dos estúdios do Forum Dança, este momento final do PACAP 6 é dedicado à reflexão e feedback sobre o percurso de cada participante nos seis meses do Programa, com especial incidência no processo de criação e a apresentação pública. Nesta reflexão/feedback contaremos com a presença das/os instigadores de cada projeto.

 

Apoio de produção
Paralelamente a este momento reflexão e feedback, cada participante terá um acompanhamento de produção e difusão. Dependendo da fase em que cada projeto se encontra, este acompanhamento poderá consistir: na elaboração de um dossier de produção e/ou difusão; na pesquisa e contato de parceiros institucionais que permitam o desenvolvimento e/ou apresentação do projeto; na preparação de candidaturas a residências, apoios e bolsas de criação e/ou circulação; em esclarecimentos sobre o contexto português de apoio às artes e estatuto do trabalhador das artes; entre outros. Este momento conta com a colaboração de Sofia Matos (Coordenação de Projetos Associados, na Materiais Diversos).

 

Finalização da Documentação
Neste derradeiro momento do Programa vamos criar um objeto documental coletivo que tenta integrar e colocar em diálogo os elementos das pesquisas individuais, com a experiência dos diferentes laboratórios, dos encontros pontuais, dos seminários e das performances apresentadas no Teatro do Bairro Alto e na Culturgest.

 

Comunidade temporária
Do mesmo modo que no início dos seis meses é dada especial atenção à formação desta comunidade temporária, neste momento do Programa é fundamental também cuidar do seu fim.

Informações

Público-alvo

Bailarinas/os, coreógrafas/os, performers e outras/os artistas com práticas ligadas à performance, ao corpo e ao movimento.

Idade superior a 23 anos (sem limite superior de idade).

O programa está aberto a candidaturas individuais e a duplas de artistas.

Nota

O PACAP terá como língua de trabalho o inglês e o português de acordo com as/os intervenientes do Programa.

É requerido um domínio mínimo destas línguas, embora esse não seja um critério determinante para a seleção das/os candidatas/os.

Pessoas Convidadas

Artistas e estruturas convidadas/es/os e já confirmadas/es/os:

 

Momento 2 | Laboratórios de Pesquisa

 

Momento 2 | Encontros Pontuais/Crash Meetings

 

Momento 3/4 

 

Momento 5

    • Sofia Matos

Processo de seleção

O processo de seleção será realizado pelos curadores do PACAP 6 e pela direção do Forum Dança.

Decorrerá em 2 Fases distintas:

 

  • Fase 1 – Candidaturas;
  • Fase 2 – Audições.

 

As pessoas que pretendam candidatar-se devem apresentar a sinopse de um projeto a desenvolver no âmbito do PACAP 6. Esta sinopse não é mais do que um ponto de partida, uma ideia inacabada, um problema por resolver.

1.ª Fase

Candidaturas

 

A submissão de candidaturas processa-se através de formulário online (mais abaixo, nesta página) até dia 20 junho de 2022.

Serão aceites candidaturas em português, inglês ou francês.

 

Elementos a incluir na candidatura:

 

  • Carta de motivação (max. 1 pág. A4 formato .pdf) ou vídeo (link max. 3 minutos);
  • CV com fotografia e breve nota biográfica (max. 2 pág. A4 .pdf – não exceder 1MB);
  • Link para portfólio das pessoas que se candidatam, com textos, imagens e links para vídeos (max. 10 pág. A4, em formato .pdf);
  • Sinopse de projeto a desenvolver no âmbito do PACAP 6 (max. 1 pág. A4, pdf).

 

As pessoas selecionadas para a audição serão contactadas até dia 30 junho 2022 por email.

! NOTA IMPORTANTE !

Pedimos que não enviem links para download de vídeos e fotografias.

Os links enviados devem dar acesso direto à visualização online dos ficheiros (Youtube, Vimeo, etc.).

Apenas aceitamos como ficheiros para download o CV, a carta de motivação e projeto/sinopse.

2.ª Fase

Audições

 

Esta segunda fase será apenas para as pessoas selecionadas na primeira fase.

 

  • Data: 5 a 10 de Setembro de 2022;
  • Local: Forum Dança, Lisboa, Portugal;

 

Comunicação dos resultados: todas as pessoas seleccionadas serão contactadas por email até 30 de setembro de 2022.

 

Nota

Para pessoas residentes no estrangeiro que não se possam deslocar até Lisboa, será realizada uma audição e entrevista online entre 5 e 10 de setembro 2022 em horário a combinar com cada pessoa candidata.

Propinas

  • Inscrição: 120€;
  • Pagamento integral do curso: 1800€;
  • Pagamento em duas prestações: 950€ x 2.

 

Atenção: As propinas são devidas por cada participante, mesmo que se candidatem enquanto dupla de artistas.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.

Se o valor da propina for um impedimento, anexe à sua candidatura uma carta explicativa da sua condição financeira.

Bolsas

Serão atribuídas quatro bolsas de estudo:

 

  • 1 Bolsa com redução de 100% do valor da propina total, dirigida exclusivamente a pessoas artistas oriundas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP);
  • 1 Bolsa com redução de 75% do valor da propina total, dirigida exclusivamente a pessoas artistas negras residentes em Portugal;
  • 2 Bolsas com redução de 50% do valor da propina total, dirigida a 2 artistas que possam assegurar a tradução simultânea das sessões do PACAP para pequenos grupos.

 

Por favor, não deixe de concorrer por causa de questões financeiras.

Se o valor da propina for um impedimento, anexe à sua candidatura uma carta explicativa da sua condição financeira.

Horários

De Segunda a Sexta-feira das 10h00 às 17h00.

Este horário é apenas indicativo e poderá sofrer alterações.

Será entregue um plano detalhado do programa a cada participante do PACAP 6.

Candidatura

Formulário

Candidaturas encerradas.

Curadoria

Sofia Dias e Vítor Roriz

"O que não acontece", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2018 © Filipe Ferreira.
"O que não acontece", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2018 © Filipe Ferreira.

Sofia Dias e Vítor Roriz são uma dupla de artistas a colaborar desde 2006. A natureza híbrida da sua pesquisa, associada a uma curiosidade e necessidade de experimentação levou-os à criação de vários espetáculos, performances, faixas sonoras, vídeos, podcasts e instalações, atravessando diferentes contextos e esbatendo limites entre áreas artísticas.

 

Os seus espetáculos para palco, predominantemente interpretados pelos dois, convocam uma linguagem coreográfica depurada em ligação com a palavra e a voz, como são exemplo “Um gesto que não passa de uma ameaça”, de 2011 (Prix Jardin d’Europe e Aerowaves Spring Forward) ou “O que não acontece”, de 2018, ambos em circulação nacional e internacional. Para além dos espetáculos em dupla, Sofia e Vítor têm vindo a criar com e para outros intérpretes, quer a convite de companhias, como a Companhia Instável em 2010 e a Companhia Maior em 2019, quer em produções próprias, tais como “Satélites” (2015), “Escala” (2021) ou o seu primeiro espetáculo para crianças – “Sons (Mentirosos) Misteriosos” (2020).

"Arremesso IX", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2021 © Musiberia.
"Arremesso IX", de Sofia Dias e Vítor Roriz, 2021 © Musiberia.

Dos cerca de 30 projetos de criação, realizados ao longos dos últimos 16 anos, Sofia e Vítor contam com várias experiências noutros contextos que não o palco, como por exemplo, a peça radiofónica “De olhos fechados” realizada para a OSSO (2021), o vídeo “Contorno” criado para a 3.ª edição da Traça (2020), a performance/instalação “Dispositivos da Infiltração” no Teatro do Bairro Alto (2020), a peça sonora “Cais do gás” em Lisbon by Sound (2014), ou a série de performances “Arremesso” para espaços não convencionais que a dupla tem vindo a apresentar desde 2011. Uma série que conta já com nove performances e que procura reativar e re-significar o arquivo de gestos, movimentos, textos, músicas, paisagens sonoras, vozes e “estados de presença” que se acumularam ao longo da colaboração.

Apesar da atividade de criação artística caracterizar o trabalho desta dupla, a sua primeira ação de colaboração, em 2006, é o Projecto MOLA – Movimento Latente – um projeto de educação artística não formal para crianças e adultos de diferentes proveniências sociais e económicas e que se manteve em movimento até 2010. A atividade pedagógica da dupla teve depois continuidade, num âmbito profissional, após um workshop a convite da Companhia Instável do Porto. Desde então, Sofia e Vítor lecionam regularmente aulas e workshops em Portugal e no estrangeiro, quer no contexto dos festivais e teatros onde apresentam os seus espetáculos, quer em instituições formais ou informais de pesquisa e ensino, como o C.e.m. – Centro em Movimento (Lisboa), La Place de la Danse CDCN (Toulouse) e a ESAD (Caldas da Rainha). Desde 2010 que mantêm uma relação de proximidade com o Fórum Dança (Lisboa), tendo sido convidados para a curadoria da 2.ª edição do Programa Avançado de Criação em Artes Performativas (PACAP 2 – 2018/19) e, entretanto, desafiados para a curadoria da 6.ª edição desse Programa em 2023.

 

O interesse crescente da dupla por formas de partilha e reflexão entre pares, levou-os à participação e organização, desde 2012, de várias residências e encontros entre artistas, dos quais destacam AWARE no contexto do Festival Alkantara. Sofia e Vítor são chamados regularmente para sessões de “feedback” e “olhar exterior” de vários projetos de artes performativas.

"António e Cleópatra", de Tiago Rodrigues com Sofia Dias e Vítor Roriz, 2014 © Magda Bizarro.
"António e Cleópatra", de Tiago Rodrigues com Sofia Dias e Vítor Roriz, 2014 © Magda Bizarro.

Enquanto dupla, foram convidados a colaborar com diversos artistas, entre os quais, Catarina Dias (Potlach), Lília Mestre (Beyond Mary and Joseph), Lara Torres (An impossible wardrobe for the invisible), Gonçalo Waddington e Carla Maciel (At most mere minimum), Marco Martins e Clara Andermatt (Durações de um Minuto), Marco Martins (Two maybe more), Mark Tompkins (improvisation based on In C), Tim Etchells (The exhibition of a film), Felipe Hirsch (Ópera Orphée). Têm vindo a colaborar mais regularmente com Tiago Rodrigues, enquanto intérpretes nas peças “António e Cleópatra” de 2014 (ainda em circulação nas versões portuguesa, inglesa e francesa) e “Sopro” de 2017. Em 2020, fizeram assistência ao movimento na peça “Catarina e a beleza de matar fascistas”, do mesmo autor.

Desde o início da sua colaboração que contam com o apoio de diversas estruturas culturais: O Espaço do Tempo, da qual foram artistas associados entre 2009 e 2016, a já extinta Bomba Suicida no período de 2006 a 2009 e Materiais Diversos que, entre 2012 e 2016, fez a produção, difusão e administração da toda a atividade artística da dupla. Também não podem deixar de destacar a relevância do Alkantara e da Devir/CAPA no apoio ao seu trabalho criativo. Colaboraram com as estruturas de produção e difusão cultural SUMO e Something Great e, atualmente, contam com a produção da Agência 25.

 

Ao longo destes anos têm usufruído do importante apoio das redes europeias Looping, TRANSFER, Aerowaves, Open Latitudes, Modul Dance, ONDA e Départs.

"Fora de qualquer presente", Sofia Dias e Vítor Roriz, 2012 © Paulo Pacheco.
"Fora de qualquer presente", Sofia Dias e Vítor Roriz, 2012 © Paulo Pacheco.

Em 2020, desenvolveram o projeto “Infiltração” no Teatro do Bairro Alto que culminou com a estreia da peça “Escala”.
Em 2022 foram os Artistas em Destaque no GUIDance.
Em 2022/2023 Sofia e Vítor serão os “Novos Inquilinos” no Teatro Viriato em Viseu. A sua próxima peça “Never Odd or Even”, em colaboração com Filiz Sizanli e Mustafa Kaplan, tem estreia marcada para Novembro de 2022 no Festival Alkantara e apresentações em Viseu, Paris e Porto.

 

Sofia Dias & Vítor Roriz são membros associados da REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea.

Mais informações em www.sofiadiasvitorroriz.com

Participantes

Bobby Brim (FR), Camilla Morello (IT), Connor Scott (UK), Estrellx Supernova (US), Lorea Burge (UK/ES), Lucas Damiani (UY), María Ibarretxe del Val (ES), Marcelo de Castro Pereira (BR), Mariana Catalina Iris (UY), Rafaela Santos (PT), Silvana Ivaldi (PT), Tarlie Lumby (UK), Vanessa Lonau (DE) e Victor Lattaque (FR).

Actividades PACAP 6

Créditos da imagem de topo © Joana Linda

Apoios e Parcerias

Coprodução PACAP 6: Teatro do Bairro Alto e Culturgest.

Apoios PACAP 6: Casa da Dança – Almada, Fundação GDA, O Rumo do Fumo, Alkantara, OPART | Estúdios Victor Córdon, O Espaço do Tempo, Piscina.

Forum Dança | Parcerias e Apoios PACAP 6