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RE-PARAR

Open Talks PACAP 5

RE-PARAR

Seminários Abertos PACAP 5

Forum Dança | Espaço da Penha

De 1 de Outubro a 12 de Novembro  | 14h-16h

Estes seminários fazem parte da programação do PACAP 5

SÓ POR RESERVA!
A participação é gratuita mas porque a lotação é limitada a 15 participantes no máximo só é possível participar fazendo reserva prévia.
Para reservar basta enviar o seu pedido para o nosso email.

“Dizem que os golfinhos de rio não saltam tanto quanto os golfinhos do oceano. Por causa dos fluxos turvos da água corrente eles não confiam nos seus olhos. Os seus olhos encolhem. A sua escuta torna-se mais matizada. Tornam-se especialistas em forma e moldam-se para se tornarem estreitos, esticando-se como o rio.” – Alexis Pauline Gumbs, Undrowned

 

No meio de águas turvas, é muitas vezes urgente desenvolverem-se técnicas de escuta e de atendimento para com o nosso entorno. Antropoceno, Capitaloceno, Plantaçãonoceno, Coronoceno: o nosso presente desconhece o seu nome, mas aponta invariavelmente para uma perigosa extinção de muitas espécies, práticas ou modos de relação passados, presentes e futuros: um desaparecimento perigoso de formas de sentir e de estarmos uns com os outros. Em Mushroom at the End of the World. On the Possibility of Life in the Ruins of Capitalism, Anna L. Tsing sugeriu um antídoto para esta extinção: o desenvolvimento de novas “artes da atenção” — isto é: a insistência em celebrar velhos e novos modos de viver e de morrer, de perceber o nosso entorno, de se estar disponível para o outro.

 

De setembro a novembro de 2021 o primeiro bloco do PACAP5 (https://www.forumdanca.pt/pacap5en/) receberá 24 bailarinos, intérpretes e investigadores para um treino na Composição em Tempo Real de João Fiadeiro, uma técnica entre muitas outras para praticar descentramentos radicais e assistir aquilo que excede a experiência humana. Fernanda Eugénio, colaboradora de Fiadeiro há longo tempo, sugeriu a ferramenta conceptual reparar para descrever esses novos modos de atenção que pareciam ser exigidos pelo nosso presente conturbado e preocupante. Em português, reparar pode ser entendido tanto como “perceber, assistir”, quanto como “restaurar, reparar”. Também significa “parar duas vezes” (re-parar). Existe poder no emaranhado desses três significados. Eles convidam todas as pessoas, de uma vez, a parar e observar como se fosse uma forma de compromisso para com o presente e uma vontade de restaurar o que foi ferido. Numa série de conversas à lareira que acompanharão os nossos três meses juntos, a “trabalhadora do texto” e pensadora Emma Bigé convida escritores, poetas, criadores & activistas a pensar connosco qual a poética da atenção que é necessária agora. O que percebemos? O que ignoramos? O que é que precisa de ser visto e sentido para que as mudanças ocorram? Quem somos e em que colectivos nos poderemos nós tornar para ouvirmos as vozes inéditas das nossas experiências? Às vezes os nossos convidados estarão connosco apenas uma noite, às vezes irão demorar-se mais e ficar connosco no estúdio por alguns dias. Todos os nossos encontros de quarta-feira serão abertos ao público, como uma série de ofertas às comunidades de Lisboa que são nossas vizinhas.

 

Lista de pessoas convidadas:

OUTUBRO 1 Dani d’Emilia
OUTUBRO 8 Dénètem Touam Bona
OUTUBRO 15 Valentina Desideri – Cancelado
OUTUBRO 22 Lisa Nelson – Cancelado
OUTUBRO 29 Mathieu Bouvier – Alteração de Horário: 10h00 – 13h00
NOVEMBRO 5 Rita Natálio – Alteração de Horário: 14h00 – 17h00
NOVEMBRO 12 Carla Bottiglieri

 

Respondedora: Emma Bigé

Emma Bigé escava, escreve sobre, traduz, faz curadoria e improvisa com danças experimentais contemporâneas e filosofias queer & trans*feministas. Vive e ensina e pesquisa como nómada dentro e fora de Larret (Périgord), Aix-en-Provence (sul de França) e noutros destinos acessíveis por comboio. Entrou na dança na América do Norte e na Europa Ocidental com Steve Paxton, Lisa Nelson, Nancy Stark Smith, Matthieu Gaudeau e, mais recentemente, A. Livingstone, João Fiadeiro e muitos outros. Editou vários livros e realizou exposições dedicadas à dança e à improvisação (Gestes du Contact Improvisation, Steve Paxton: Drafting Interior Techniques, La perspective de la pomme. Histoire, politiques et pratiques du Contact Improvisation). Através de livros e de práticas textuais Emma Bigé atualmente investiga o potencial somatopolítico da dança na celebração de formas estranhas e raras de ternura entre os seres humanos e as outras criaturas da Terra.